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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Rage Against the X Factor - The Outcome

E não é que os RATM conseguiram mesmo ser o número 1 deste Natal no Reino Unido? (ver aqui)
Mais uma prova que vivemos numa era em que a internet nos torna capazes de (quase) tudo, seja isso no bom ou no mau sentido.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Rage Against the X Factor

O Natal está à porta, e uma das coisas sem as quais os ingleses não conseguem celebrar o Natal é o single do vencedor do programa X Factor, geralmente caracterizada por ser composto por melodias melosas e letras azeiteiras.
O X Factor é assim uma espécie de Ídolos, que já se realiza há uma data de anos neste país, e cujo primeiro prémio é gravar um single que é editado uns dias a seguir à final, e que regra geral se torna o disco mais vendido no Reino Unido na semana do Natal.

Após alguns anos de singles pirosos, finalmente alguém resolveu gritar basta, e deu-se ínicio a um movimento, movimento este alimentado em grande parte pelo poder dos novos meios de comunicação online. Alguém se lembrou de recuperar ''Killing in the Name'' dos Rage Against the Machine, lançada no já longínquo ano de1992, e torná-lo o single número 1 deste Natal, em vez de mais um single saido direitinho do forno do X Factor, sendo que este ano se trata de uma versão lamechas de uma música já por si lamechas da Miley Cirus (ou Hannah Montana, para quem vê o Disney Channel).

O grupo no facebook que apoia esta causa conta já com muitos milhares de apoiantes, e ''Killing in the Name'' encontra-se de momento à frente do ranking de singles vendidos.

Será possivel ter uma música tão controversa como esta como número 1 deste Natal? Por mim seria um verdadeiro deleite, mas o facto do single do vencedor do programa X Factor ter saido em CD na terça feira pode fazer com que as mamãs e as vovós desatem a comprar o CD para as filhas ou netas, ultrapassando assim as vendas da música dos RATM, que dispararam online nesta semana.

O facto de ambas as músicas serem lancadas pela Sony, quer dizer que no fundo ninguém fica a perder com isto. Dizem as más linguas que isto é tudo arquitectado pela própria Sony para vender mais singles. Ora eu acredito que os senhores da Sony tenham melhores estratégias para estimular as suas vendas... Até porque se o objectivo é vender mais, escolher Killing in the Name dos RATM, uma música a maioria das vezes censurada nas rádios e que inclui 17 vezes a chamada “F word” não me parece ser a melhor estratégia.

Os próprios Rage Against the Machine já vieram a público dizer que apoiam a causa, e que parte das receitas da venda do single “Killing in the name” reverterão para caridade. O que fica sempre bem, especialmente nesta quadra natalícia.

Para quem quiser ouvir RATM ao vivo na BBC Radio 5, a dar a sua opinião sobre esta íniciativa, cliquem aqui. E no final, a serem iguais a si mesmos.

Resta-nos esperar para ver quem ganha este campeonato. Eu, embora já tivesse a música na minha colecção, já fiz a minha parte e contribui para esta causa.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Holy Night and much more

O Natal está quase aí, e Londres é um sitio maravilhoso para se estar no Natal (se esquecermos a corrida desenfreada às lojas para comprar os presentes de Natal). A cidade enche-se de luzes, ouvem-se cânticos a cada esquina, e o aroma a canela do aconchegante Mulled Wine ajuda-nos a esquecer um pouco o frio que se faz sentir. Só falta mesmo cair neve para ser um Natal como os dos filmes que passam incessantemente na televisão a esta altura.

Como já é costume, aqui ficam algumas fotos das decorações de Natal em Londres. Este ano, algumas zonas estão decoradas com as mesmas luzes do ano passado, talvez numa tentativa de poupar algum dinheiro no meio destes tempos conturbados.

Carnaby Street, depois dos fantásticos Pais Natais do ano passado (que podem ver aqui), este ano delicia-nos com decorações um pouco mais psicadélicas, em antecipação ao seu 50º aniversário. Uma homenagem aos anos 60, altura em que a rua se tornou famosa.






Outra tradição de Natal em Londres é o acender das luzes da àrvore de Natal em Trafalgar Square. Todos os anos, desde 1947, a Noruega oferece um enorme pinheiro aos londrinos como forma de agradecimento pelo sua ajuda durante a Segunda Guerra Mundial. O acender das luzes é um grande evento, com cânticos de Natal muito espirito natalício, a que muitos londrinos não faltam.




E porque o Natal também não escapa às garras do Marketing, em Oxford Street mais uma vez as luzes foram patrocinadas por um filme de animação (pelo menos não é uma marca de tabaco ou outra coisa maléfica do género). Este ano, A Christmas Carol, a mais recente adaptação do famoso conto de Charles Dickens, desta vez com Jim Carrey no papel principal. Jim Carrey esse que teve a honra de acender as luzes da rua mais movimentada da Europa. Se o filme é bom ou não, não sei, mas aqui fica uma foto das luzes:



Feliz Natal a todos!

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

This is Halloween

O MOMA tem uma exposição acerca do trabalho de Tim Burton. Não o seu trabalho cinematográfico, mas o seu trabalho gráfico. Ia revisitar o MOMA de qualquer forma em 2010, mas assim, vai ser ainda melhor!

domingo, 29 de novembro de 2009

Don't worry, be happy


A par de LA e Nova Iorque, Londres é uma das capitais mundiais da comédia. Existem clubes de comédia a cada esquina, e nas ruas mais movimentadas do centro é comum esbarrarmos com pessoas que distribuem panfletos anunciando espectáculos e prometendo gargalhadas a torto e a direito.

No domingo fomos assistir a um espectáculo de stand up comedy um pouco diferente, no entanto. Diferente porque foi todo em português.
Soubemos através de um amigo que António Raminhos e Pedro Miguel Ribeiro iam dar um espectáculo inteiramente em português no Brixton Comedy Club. Já tinha visto ambos na televisão, embora não conhecesse muito do trabalho deles. Dado serem portugueses e comediantes (combinação que iria sempre resultar a menos que um deles se chamasse Fernando Rocha), não pensamos duas vezes e decidimos ir. Mesmo que não tivessem piada, la estariamos a apoiar o que é português.

Depois de um domingo de muita chuva e ventania, lá enfrentamos a intempérie e dirigimo-nos a Brixton, onde nos encontrámos com alguns amigos. Ao chegarmos ao local, encontrámos os dois comediantes sentados no pub a trabalhar no seu material enquanto bebiam umas 'pints' (que melhor catalizador para a inspiração que a cerveja?). Um dos nossos amigos já os tinha encontrado em Camden durante a tarde, e após uma aproximação talvez um pouco assustadora para o Raminhos, na qual o meu amigo se apresentou, pode-se dizer que já eram quase bons amigos.
Ao inicio a sala parecia algo vazia, mas passados alguns minutos ficou practicamente cheia, contando-se cerca de 50 espectadores, o que convenhamos, para um espectáculo de comédia em português em Londres, não é nada mau.

Pedro Miguel Ribeiro começou, e à medida que foi aquecendo foi melhorando e acabei por soltar umas boas gargalhadas com a sua actuação. Talvez pecasse pelo demasiado esforço em adaptar as piadas à realidade londrina (todos nós sabemos o que são Euros, não há necessidade de adaptar para Libras, por exemplo) mas regra geral esteve bem e com piada. Na segunda parte António Raminhos foi sem dúvida a surpresa. Desde a sua entrada em palco que nos fez soltar gargalhadas valentes, não só pelo seu material mas também pelo seu aspecto (cabelo desgrenhado e barba comprida), que ele sabe bem usar a seu favor. No fim, uma experiência a repetir da próxima vez que vierem a Londres, como ficou prometido.

Se o espectáculo em português não foi uma experiência nova para ambos (dado ser a segunda vez que actuaram juntos em Londres), de louvar a estreia na comédia em inglês, onde se estrearam uns dias antes do espectáculo em Brixton. Infelizmente não pude comparecer, mas gostava de lá ter estado a apoiar malta tuga, e com piada ainda por cima.

Sempre agradável assistir a espectáculos em português com qualidade em Londres, onde a musica pimba e seus derivados é geralmente mais frequente nos acontecimentos portugueses.

Para saber mais sobre António Raminhos, cliquem aqui.

domingo, 22 de novembro de 2009

Welcome to the jungle

Eu nunca tinha visto, embora já tivesse ouvido falar ou lido nos já extintos jornais gratuitos da tarde. Ontem quando saí do emprego e me dirigi a estação do metro, lá estava ele. Um homem de trinta e alguns anos, bem vestido, fato e gravata, sobretudo e barba feita. Empunhava um cartaz, como tantas outras pessoas o fazem nas ruas de Londres, ora para publicitar lojas e restaurantes ou para angariar dinheiro para uma caridade. Mas este era diferente. Como já disse, já tinha ouvido ou lido sobre estes cartazes, mas sempre com a sensação (ou esperança) de ser mito urbano. O cartaz dizia em letras garrafais "Procuro emprego" e continuava descrevendo as suas capacidades e qualidades profissionais, entre várias línguas faladas e experiência em várias áreas a sua capacidade de trabalhar em grupo.
Um acto de protesto ou desespero? Não sei qual a sua motivação. Mas a crise (seja lá o que isso for) está em todo o lado.

domingo, 8 de novembro de 2009

Vida e Café

Um dia destes, ia eu descansadinha da vida a descer Regent Street quando deparei com um novo estabelecimento. Mas este não era um estabelecimento qualquer, não senhor.
Apesar de parecer uma normal coffee shop (ao estilo inglês, não holandes), a cor vermelha e o seguinte logo chamaram a minha atenção:


Mas que está este simbolo, semelhante ao da monarquia portuguesa, a fazer aqui? Terá sido o pessoal do blog 31 da Armada a internacionalizar as suas partidas? E por que raio vendem meias de leite e galões? Algo não bate certo....

Alguma pesquisa depois, e fiquei a saber que Vida e Caffe é uma cadeia de cafés sul-africana (os sul-africanos gostam muito de se fazer passar por portugueses, tou a ver). Cansados do domínio dos gigantes Starbucks, Costa e afins, e querendo acabar com café de fraca qualidade servido em 'baldes', decidiram começar a sua própria cadeia, tendo como inspiração os cafés de Lisboa e Porto e practicando aquilo que eles chamam de 'regressar às raizes do espresso' (ou bica, para os dos sul, cimbalino para os do norte).

Até aqui tudo bem. Apesar de usarem a imagem do nosso país, e de eu não ser própriamente uma grande apreciadora do néctar castanho escuro, até aplaudo a iniciativa do regressar às origens do café e assim...

Agora o problema começa com o uso da Língua Portuguesa, e a começar logo pelo nome: Vida e Caffe. O duplo 'f' deve ser para tornar mais fino. O menu está quase todo em português (apesar de eu ter algumas dúvidas de que alguém me entenderá se eu um dia lá entrar e pedir um galão), no entando acho que alguns erros poderiam ter sido evitados com um simples corrector ortográfico (escreve-se "laranja", e não "laranje" meus amigos sul-africanos).

Longe de mim ser perita em Língua Portuguesa, basta ler o blog para perceber que não o sou, mas também não estou a vender nada a ninguém, logo tenho menos responsabilidade.

Aqui está uma foto de um cartaz afixado na montra do estabelecimento.
Feita frescos?! Mas que raio...tudo bem que a língua inglesa é pobre em género, mas convém informarem-se antes de publicarem estas coisas. Eu até lá ia pô-los na ordem, mas o sítio já estava fechado às 6h da tarde. Digamos que se é assim que querem fazer frente aos Starbucks, não vão longe.
Até porque como o sitio estava fechado eu fui logo até ao Starbucks da esquina beber um caramel machiatto.
Se quiserem saber mais sobre esta cadeia, visitem http://www.vidaecaffe.com/ , e não percam os conselhos alucinantes do senhor Joao (sim, sem acento). Ou então, percam.

Happy Birthday to Me

Ainda aqui não falei dos meus anos. Fiz anos recentemente, e pela primeira vez celebrei-os em Londres enquanto residente desta extraordinária cidade. Digo isto desta forma porque já os tinha celebrado por cá duas vezes, mas sempre estando de férias na cidade do Big Ben.
Estava um pouco apreensiva, estando longe da minha família e dos meus amigos, mas no final tudo correu muitíssimo bem e acabei por ter uma festa muito divertida e agradável, com direito a algumas supresas. O melhor presente foi aperceber-me (embora já o soubesse) que não estou sózinha nesta cidade, e que conheci pessoas às quais posso chamar de amigas e que me apoiam nesta aventura. O que é sempre bom quando estamos longe! Considero que (e sei que esta opinião é algo controversa) que à medida que vamos ficando mais velhos vai-nos sendo mais dificil criar laços de amizade profundos, mas não o é de todo impossível.

No entanto, não deixei de ir a Portugal celebrar os meus anos (acabando por ter tido 3 festas de aniversário – nada mau!) primeiro com a minha família que tanta falta me faz, e depois com as minhas amigas fofanelas a quem já conheço à tanto tempo que practicamente não sei imaginar a vida sem elas. Obrigada amigas, por uma noite espectacular, de muita risada e viagens do tempo até a uma década onde tudo era mais glamoroso e a malta usava chumaços nos ombros para parecer mais “cool”. No entanto, senti pela primeira vez nos ombros o peso da idade ao aperceber-me da expressão de ignorância no rosto do meu sobrinho quando lhe perguntei o que era um walkman! Enfim, ele é da geração da internet, do hi5, do youtube, das PS3, e às vezes juro que me parece que lhe custa acreditar que há 13 anos a maioria destas coisas nem sequer existiam!

Obrigada também à minha Trix pela sua disponibilidade num domingo à noite, por me dar o previlégio da sua companhia, embora que breve demais. Fica prometido o nosso jantar em Dezembro!

Mais um ano, e no entanto continuo a pensar que ainda sou a miúda de 16 anos de há anos atrás, cujas maiores dúvidas existênciais eram onde fazer o piercing ou onde ia sair no sábado à noite.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Art in a Material World


Londres é uma cidade de muitos e diversos museus. De entre todos, o meu favorito é Tate Modern, não só pela sua colecção de arte moderna, como também pelo seu edifício, uma antiga central eléctrica convertida em museu. A sua localização privilegiada junto ao Tamisa, com a Catedral de São Paulo logo do outro lado da cosmopolita Millennium Bridge, permite aproveitar uma zona bastante movimentada e bonita de Londres ao mesmo tempo que absorvermos alguma cultura.

O único senão deste museu é o facto de não conter nenhuma obra do meu artista favorito, Keith Haring. Quem já visitou a minha casa ou trabalhou comigo, decerto percebeu a minha predilecção por este artista. Gosto particularmente do seu traço simples mas vibrante, que me desperta quase sempre boas emoções.

K. Haring teve o seu auge nos idos anos 80, e já antes de Banksy colorir as paredes do mundo já Haring espalhava um pouco da sua arte por toda a parte. Um dos protegidos de Warhol, começou a aproveitar o espaço publicitário vazio no metro de NY para dar a conhecer o seu trabalho. Daí a abrir a sua Pop Shop, onde colocou a disposição de todos a sua arte (era através da reprodução do seu trabalho que a sua arte ganhava vida, segundo o próprio), foi um salto.


Keith Haring na Pop Shop, em Nova Iorque


Tive a oportunidade de ver uma exposição com alguns dos seus maiores trabalhos em Lisboa, no Edifício Sede da Caixa Geral de Depósitos, há já alguns anos. Em algumas viagens que fiz, tive a sorte de ver mais alguns, como no Checkpoint Charlie Museum em Berlin, onde está exposto uma parte do antigo muro de Berlim onde Haring pintou uma das suas imagens de marca, o anjo. Também em Nova Iorque, no MOMA, pude ver alguns dos seus trabalhos.

Ao saber da nova exposição temporária da Tate, Art in a Material World, não pensei duas vezes. A perspectiva de ver algumas obras de Pop Art, a minha corrente favorita, incluindo Warhol, Hirst e Murakami (embora este último não seja dos meus favoritos) era muito boa. Mas eu não estava à espera que fosse assim tão boa, confesso, talvez já habituada a falta de obras de Haring pelos museus de arte moderna.



Foi por isso que, ao me deparar com uma réplica da famosa Pop Shop em plena Tate, o meu coração disparou e senti-me como uma criança pequena em véspera de Natal. Oportunidade também para ver várias fotografias de Haring no seu dia a dia, inclusivamente uma foto maravilhosa a pintar Grace Jones, essa incrivel vilã dos filmes do Bond. Interessante também o reforço da ideia de Pop Art estar intimamente ligada à publicidade, ou vice-versa, deixando-me a pensar se será essa a razão que me leva a gostar de ambas as áreas.


No fim, uma questão ficou no ar. Quais os limites da arte? Não me proponho responder a esta pergunta, que tantos antes tentaram responder. A exposição era para maiores de 18 anos. Básicamente porque uma das salas continha uma série de fotografias (e algumas esculturas) que tinham como protaganista o autor das obras e nem mais nem menos que a famosa Cicciolina, em poses bastante explícitas (um dos quadros entitulava-se 'Jeff on Top', só para terem uma ideia). No museu conseguia-se vislumbrar os visitantes mais púdicos, que não escondiam o seu ar chocado, e outros que olhavam atentamente as obras, talvez na esperança de as tentar perceber melhor (prefiro pensar que era nisto que eles estavam a pensar). Mais interessante que esta parte da exposição própriamente dita, foi ver um pobre segurança a tentar barrar a entrada aos menores de 18 anos presentes na exposição, e a muitas vezes ter de explicar aos pais que os acompanhavam a razão porque o tinha de fazer.

Fora este momento canal 18 em plena Tate, foi sem dúvida uma bela tarde bem passada, e com vontade de repetir em breve.

E se quiserem saber mais sobre Keith Haring, cliquem aqui.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

London Bridge is Falling Down

Estou em Londres há quase 3 anos.

3 anos a conviver lado a lado com Lord Nelson, que de topo da sua coluna em Trafalgar Square espreita pela janela da agência e me consegue ver, dia após dia sentada na secretária, a beber chá atras de chá.

3 anos a sentar-me no andar de cima dos famosos Double Deckers, os autocarros vermelhos de dois andares tipicamente londrinos.

3 anos a descer as escadas do famoso Tube, o metro londrino, até às entranhas da terra, interceptadas por milhares de carris que se cruzam e levam milhares (milhões?) de pessoas a todo o lado.

3 anos a citar o mapa do metro em segundos (mudar em Kings Cross para a Picadilly Line, em Bank para a Central Line...).

3 anos a esquivar-me à chuva e a cobiçar o sol.

3 anos a olhar para o lado errado quando atravesso a estrada (independentemente dos avisos pintados no alcatrão).

3 anos a pensar numa língua estranha que fica algures entre o português e o inglês, e por vezes a sonhar inteiramente em inglês. 3 anos a passar quase diáriamente junto a St. Pauls Cathedral, e a admirar o branco das pedras que compõem a sua magnífica estrutura.

3 anos a evitar turistas que tiram fotos incessantemente pelas ruas no centro de Londres.

3 anos a a resistir a beber chá com leite.3 anos a celebrar a implantação da República a 5 de Outubro, quando na realidade vivo numa Monarquia.

3 anos com inveja dos feriados religiosos em Portugal.

3 anos a ignorar milhas e a continuar a pensar em quilómetros.

3 anos a converter libras para euros inconscientemente.

E no entanto, mesmo após 3 anos, quando vou na rua ainda dou comigo a pensar 'Estou em Londres!' como se fosse algo inesperado que tivesse acontecido ontem. Ainda dou comigo a acelerar o passo para conseguir um lugar no andar de cima dos autocarros (nos lugares da frente de preferência, que a vista é melhor). Ainda me maravilho com Trafalgar Square e a National Gallery, o coração ainda bate um pouco mais forte quando vejo o Bin Ben ou quando o sol de fim de tarde ilumina St. Pauls Cathedral. Ou quando desço Regent Street e chego àquela zona em que se começa a ver o reflexo dos néons de Picadilly. Ou quando relaxo nos infinitos parques da cidade. Ou até quando tomo o pequeno almoço no meu café favorito, onde posso ler livre de turistas e do burburinho do centro. E quando vou de manhã para o emprego e me sinto como se estivesse a viver uma realidade que não a minha, o sonho de outra pessoa.

E quando penso tudo isto, sorrio e desacelero o passo para apreciar esta cidade maravilhosa.

domingo, 4 de outubro de 2009

Et kappløp i Oslo

Uma vez li, já não me lembro onde, um conjunto de regras para bem escrever blogs. Uma delas era não usar muitos parêntesis. Outra era não escrever posts longos. Peço desculpa préviamente se este post é demasiado grande, provávelmente vão mudar de site a meio. Além disso, foi escrito durante a nossa viagem a Oslo, capital do Reino da Noruega, a semana passada, usando um iPod cujo corrector ortográfico teima em sugerir palavras esquisitas e deslocadas. Fora isso, espero que gostem! (já sei, não sou muito boa a vender o meu peixe...).

25 de Setembro - 17:04
Cá vou eu a caminho do aeroporto. Depois de uma semana terrível em que mal tive tempo para fazer a mala, cá me encontro, finalmente, sentada no comboio que nos levará ao aeroporto de Stansted. Estou cansada, com o coração ainda a bater rápido do stress desta semana, mas feliz e esperançosa que este seja um bom fim de semana. E espero também que, nos poucos minutos que tive para fazer a mala, não me tenha esquecido de nada importante.


25 de Setembro - 20:08
À espera para entrar no avião. Voar com low costs deixa-nos a carteira mais leve, mas torra-nos a paciência. Estou numa fila enorme, está muito quente e o peso da mochila já se faz sentir nos meus pobres ombros. No entanto posso já notar algumas diferenças; as pessoas que pacientemente esperam na fila conosco são mais altas e mais louras do que costume.
25 de Setembro - 21:02
Já voamos. Pela janela consigo ver a linha do horizonte ao fundo, alaranjada e misteriosa. Os quadrados de terreno esverdeados pontilhados com as moradias dos arredores de Londres já ficaram para trás. Se pudesse, tirava uma foto. Mas por razões de segurança não posso. Fica para a próxima.
Os aviões da Ryan Air não são dos mais confortaveis. Estilo minimalista levado ao extremo. E o amarelo berrante usado em contraste com azul escuro não foi uma escolha brilhante para serem as cores oficiais da companhia. Se eu tivesse que olhar para isto todos os dias dava em louca! No entanto, isso podia explicar porque o pessoal de bordo tem um sotaque espanhol tão cerrado ao falar inglês! O amarelo deu com eles em doidos. Mas não, parece que em vez de irlandeses, ingleses ou até noruegueses, a Ryan Air prefere os espanhois. Por mim tudo bem, só e pena não perceber patavina do que eles dizem! E já deu para nos rirmos que nem uns perdidos, até descobrirmos que uma delas é portuguesa. Aí tivemos que nos controlar, não fossem eles perceber o que dizemos e cuspir-nos nas bebidas, que já por si são caríssimas, com um topping de cuspo devem ser ainda mais caras.

25 de Setembro - 22:02
E chegámos. Mas não a Oslo, que uma das vicissitudes de voar low cost é que muitas vezes aterramos em aeroportos que ficam tudo menos perto do nosso destino. Neste caso cerca de 130km! Por isso apanhámos o expresso para Oslo, depois de adiantarmos os relógios uma hora para ficarmos na hora local. Primeiro reparo sobre este país que me desperta a curiosidade: quão diferente é a nossa bela língua do norueguês! Não compreendi uma única palavra do que o motorista do autocarro anunciou. Não discortinei nada além de sons anasalados e um tanto ou quanto comicos. Valha-nos o facto de a maioria dos noruegueses falarem algum inglês!

25 de Setembro - 00:26
E agora sim, chegámos finalmente a Oslo. Primeiras impressões: prédios novos, muita movimentação e bares, muitos "metaleiros". Depois de fazermos o check-in no hotel fomos explorar a área e beber um chocolate quente.
Sentamo-nos numa esplanada confortável, com sofás de verga e almofadas, e com mantas para quem tivesse frio. Verdade seja dita, ninguém as estava a usar. Oslo promete!
E agora, descansar. Amanha será um dia longo e agradável, esperemos.
26 de Setembro
Acordámos cedo e depois de um pequeno almoço algo diferente no hotel, metemos pés ao caminho e começamos a explorar a cidade. Começámos pelo centro: parlamento, teatro nacional, palácio real.

Parlamento

Palácio Real


Depois fomos com o Edgar buscar o número da maratona ao Akershus Fortress , uma quase milenar fortaleza junto ao mar.


Foi aí que vi pela primeira vez o fiorde de Oslo, e deixem-me que vos diga, é realmente de uma beleza incrivel. No porto perdem-se de vista os milhares de barcos privados atracados, junto a barcos a venderem camarão e peixe fresco.

Disseram-nos mais tarde que 1 em cada 4 habitantes de Oslo tem um barco, e que de momento o tempo de espera para conseguir um lugar numa das várias marinas da cidade é de cerca de três anos! Sem dúvida que os noruegueses são um povo que ama o mar e a quem corre água salgada nas veias. Algo em comum com os portugueses, portanto!
Para melhor apreciarmos o fiorde, fomos num passeio de barco que em 2 horas nos mostrou as ilhas e as encostas do Oslofjord. Um passeio absolutamente delicioso, num dia de sol fantástico. Na memória ficam não só a paisagem natural lindíssima como também a imagem das pequenas casas de Verao nas várias ilhas, algumas deles bastante isoladas! Muito interessante o facto de haverem ainda muitas pequenas casas junto ao mar onde as pessoas se banham no Verão. Muitas destas casas estão ainda conservadas como antigamente, separadas ao meio, com uma zona para homens e outra para mulheres, onde se podiam banhar sem nunca se misturarem devido a uma divisória que lhe permitia conversarem sem, no entanto, sem verem! Estas casas geralmente tem traços semelhantes as casas principais dos seus donos (cor e estrutura por exemplo), permitindo assim uma fácil identificação.




Depois deste passeio fantástico tivemos tempo ainda de visitar a galeria nacional onde apreciamos, entre outras obras, o famoso quadro de Munch, "O Grito". Depois de uma pausa para uma bebida quente servida num recipiente menos tradicional, passámos no museu do Prémio Nobel e visitamos a Ópera, cujo fantástico edifício nos permite passear no seu telhado e apreciar a vista sobre o fiorde.



Para jantar, fomos até Aker Bryge, onde nos deliciámos com lagosta e camarão dos fiordes, que embora ainda acima da média, com preços mais acessíveis na Noruega devido a abundância. E sendo Oslo a segunda cidade mais cara do mundo (como bem o sentimos), até conseguimos uma conta menos assustadora do que esperavamos.


Aker Bryge

Oslo é sem dúvida uma cidade diferente no que diz respeito a música:
os bares de rock e metal são em abundância e até tive o prazer de ouvir RATM numa casa de sandes! Os bares ficam abertos até tarde e a música toca alta pelas ruas, sem que ninguém se mostre minimamente preocupado. Fica a dúvida se será assim quando a cidade se pinta de branco-neve no Inverno.

27 de Setembro - 13:16
Hoje é o último dia em Oslo. Lá está o tempo a pregar-nos a partida de acelerar os seus ponteiros e de fazer as suas areias correrem mais rápidas quando nos estamos a divertir. Acordámos cedo e voltámos a lutar com as muitas dezenas de japoneses hospedados no nosso hotel por um lugar ao pequeno almoço. Depois de bem sucedida esta tarefa, e depois de forrarmos o estômago com alguma comida (embora depois da refeição de ontem tudo pareça pouco digno) metemos pés ao caminho até ao porto, onde apanhamos o ferry para Bygdøy, a 'ilha' dos museus. O pouco tempo que nos restava obrigou-nos a escolher apenas 2 dos 5 museus disponíveis: o Vikingskipshuset ( museu do barco viking) e o Norsk Folkemuseum (0 museu tradicional norueguês).

Vikingskipshuset






Ambos muito interessantes, mas gostei especialmente do segundo, onde podemos conhecer várias casas típicas norueguesas e aprender um pouco da sua cultura. Especialmente as pequenas casinhas com relva no telhado para tornar a habitação mais quente! Disseram-nos até que é comum os donos das casas porem cabras a pastar nos telhados de forma a manter a relva em condições!
A ilha dos museus é uma zona residencial muito agradável e sossegada, de casinhas de madeira com telhados quase verticais (de modo a escoar a neve no Inverno) e barcos ou respectivos atrelados à porta. Deve ser uma delícia no Inverno! Uma delícia gelada, no entanto.


27 de Setembro - 16:18
A nossa visita terminou quase onde começou, em Akershus Fortress. O nosso amigo Edgar fez a maratona em 3h22m, 10 minutos aquém do seu melhor tempo. Apesar da sua desilusão, eu acho admirável correr 42km nesse periodo de tempo e chegar ao fim ainda capaz de correr para o hotel e despachar-se em tempo recorde de modo a conseguirmos apanhar o autocarro de volta para o aeroporto. Mas ele fê-lo valentemente, e cá estamos nós a caminho de casa.


Trafikanten: posto de turismo


Uma bicicleta noruguesa, que aparentemente não é lá grande coisa...

Oslo é uma cidade pequena, de 500 mil habitantes, mas encantadora. O mar ali tão próximo e o recorte único da paisagem dos fiordes fizeram deste fim de semana uma experiência inesquecivel. E ao fim de dois dias, o norueguês até ganha algum encanto!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Starters

No outro dia, numa conversa de pub com um amigo em que falávamos, entre outras coisas, sobre Portugal, este meu amigo colocou-me uma questão engraçada. Bom, não é hilariante, mas é engraçada. Um pouquinho, pelo menos.
Bom, este meu amigo e francês. Há alguns anos fez uma viagem a Portugal, onde percorreu o litoral de carro. Estávamos a falar das minhas férias. A conversa decorreu mais ou menos assim:

Ele: Entao comeste sardinhas nas férias?
Eu: Claro!
Ele: Quando lá fui comi. São óptimas. Embora deitem cá um cheiro...
Eu: Sim, pode ser desagradável. Mas o sabor compensa.
Ele: Sim, sem dúvida. Gostei muito. Aliás, gostei de toda a comida. E bebida. E das pessoas tambem. Muito simpáticas. Não são como os espanhóis, que são um pouco antipáticos (ok, admito que nesta parte automáticamente ele subiu uns quantos lugares no meu ranking).
Eu: Pois isso já não sei...(eu armada em politicamente correcta).
Ele: Só houve uma coisa que eu não gostei...
Eu: Então? (já temendo, com mil coisas típicamente portuguesas a vir-me à cabeça, entre elas caca de cão nas ruas, homens com unha do mindinho crescida para coçar o ouvido e palitar os dentes depois de cuspir para o chão, mulheres de bata nas ruas, galos de barcelos, entre outras).
Ele: Aquela coisa das entradas nos restaurantes. Sentas-te, eles trazem as tais entradas. Tu pensas: 'Ena que queridos! Muito hospitaleiros!', e no fim aquilo que pensavas ter sido oferta da casa vem incluido na conta a preços exorbitantes. Isso acontece com toda a gente ou só com turistas?
Eu: Errrr (controlando o riso)...acontece com todos!

E a conversa continou comigo a explicar-lhe os meandros das contas de restaurante em Portugal. Portuguesices!

domingo, 6 de setembro de 2009

From Dusk 'till Dawn

O último dos feriados por cá de 2009 (com excepção do Natal e Ano Novo) passou na passada segunda feira. Agora, fins de semana prolongados, só em Abril de 2010. Como sempre, aproveitámos o fim de semana grande para conhecermos mais um pouco deste país que nos acolhe. Ainda a explorar o sul de Inglaterra, fomos até à região de Canterbury (Cantuária para os amigos).

Como continuamos em busca da praia perfeita, decidimos começar o dia em Herne Bay, seduzidos pela perspectiva de ver o mar e quem sabe passear na praia. A experiência não foi tão boa como Camber Beach, ou até mesmo Brighton. Podia mencionar a praia, uma mistura de areia e calhaus. Também podia mencionar o cheiro a fritos e os carrocéis e salões de jogo espalhados pela 'marginal'. Até podia mencionar o facto de não termos encontrado um sítio decente para almoçar e o facto de só se verem velhinhos a passear os cães pela rua. Podia mencionar, mas não o vou fazer (hm...parece que já o fiz). Ouvimos falar de Herne Bay através dos extras do DVD de Little Britain: é em Herne Bay que Emily Howard se passeia dizendo coisas como 'I'm a lady!' vestida com roupas antíquissimas. Isso devia ser um prenúncio do que Herne Bay é na realidade: uma cidade costeira que ficou paralisada no tempo, algures entre a época das vestimentas de Emily Howard e os nossos dias. Mais digna da série 'Liga de Cavalheiros' que de 'Little Britain'. Resumindo: acabamos por sair de lá o mais rapido possível e fomos procurar almoço para outras paragens.

Para não dizerem que sou mázinha, aqui ficam algumas fotos da localidade, que na minha opinião, até favorecem o sítio:


Depois desta experiência quase traumatizante, fomos até Canterbury, o centro da religião anglicana. Uma cidadezinha encantadora, com a sua catedral com o mesmo nome. Almoçamos num pub, fish and chips e uma pint ( de shandy, mas não deixando de ser pint) ao som de Beatles. O centro de Canterbury é realmente pitoresco, com as suas casinhas baixinhas típicas e as lojas a lembrarem a Inglaterra de antigamente.


Depois do almoço fomos visitar a catedral, onde tivemos a oportunidade de ver e ouvir um pouco do ensaio do coro. Uma bela experiência, e não fosse o facto de não ver asas, provavelmente teria acreditado que aquelas criancinhas com vozes de mel seriam anjos. Outro ponto interessante foi o facto de pela primeira vez ter visto uma vigária, o que, como mulher, me deixou a sorrir e até, confesso, com uma pontinha de orgulho. Ou talvez seja apenas o meu lado rebelde a vir ao de cima.
Depois de tomarmos uma bebida quente para aquecer (visto que o dia estava surpreendentemente fresco) no Starbucks de Canterbury (que pelos vistos é habitado por criaturas mitologicas peludas que só surgem em noites de lua cheia – ver foto abaixo) metemo-nos ao caminho para visitar Leeds Castle, entitulado por muitos como o castelo mais bonito de Inglaterra. Infelizmente, chegámos já tarde, e não conseguimos entrar, tendo então que deixar esta aventura para uma próxima vez. Esperemos que não seja para Abril de 2010.


E assim meus caros, se passou mais um dia de fim de semana prolongado. Dia este que começou e acabou de forma mais atribulada, mas que teve momentos bastante agradáveis pelo meio! E assustadores também (refiro-me ao lobisomem to Starbucks, claro).

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Be Quiet and Drive (Far Away)

Mais uma semana passou, e mais um bom concerto a que assisti. Desta vez foi Deftones no Forum. Já não foi a primeira vez que os vi ao vivo, mas desta vez foi um pouco diferente devido a falta das habituais calças de ganga Resina e mochilas Eastpack até aos pés. Das bandas geralmente apreciadas por essa tribo de malta jovem usualmente designada como 'matrecos', Deftones é a unica que gosto (e gosto muito) e na qual reconheço qualidade (ao contrário de coisas tipo Korn e Limp Bizkit). Gosto da postura, da composição e principalmente das letras. A última vez que os vi foi em Lisboa no SBSR, no mesmo dia que Tool. Perdeu-se assim uma excelente oportunidade para tocar Passenger (a minha favorita) com Maynard, como na versão original. Mas não se pode ter tudo, e guardo na memória não só o concerto como o senhor de meia idade, já com alguma falta de cabelo, em tronco nú a exibir a barriguinha, a gritar 'Chibooooo' em plenos pulmões enquanto bebericava de uma lata de cerveja. O senhor estava a divertir-se tanto que não quisemos estragar-lhe a festa ao dizer-lhe que o nome artistico do senhor é Chino, e não Chibo. Esperemos que entretanto ele já tenha descoberto. Tal como eventualmente descobri que o verdadeiro nome de Chino é...Camilo. O que não me parece nada bem. Lembra-me o Camilo de Oliveira, o que não é uma boa analogia para ninguém.
Já era para os ter visto ao vivo por cá no Verão passado, mas quando o concerto foi adiado para outra data, não pude ir. Foi por isso que assim que soubemos deste concerto comprámos bilhetes quase de imediato.
O concerto abriu logo em grande, com Feiticeira (nã confundir com Feiticeira do Luis Represas, para vosso bem: esta Feiticeira tem uma origem muito mais interessante). Finalmente, Chino voltou à sua figura original, estando agora muito mais magro (tendo muitas vezes lutado para manter as calças no sítio), mas sinceramente não sei onde estava com a cabeça quando o achava a modos que interessante. Devo ter batido com a cabeça ou coisa do género, ficando um pouco confundida durante algum tempo. Mas a sua força em palco continua a mesma (aliás ele é que a certa altura caiu e bateu com a cabeça, mas não foi por isso que ficou confuso ou reduziu a quantidade de energia depositada em cada música). Até porque tocaram todas as canções que se esperava, incluindo Change, Engine nº9, Digital Bath, My Own Summer, Be Quiet and Drive (set list completa aqui) e Passenger, como já disse, mas nunca é demais dizer, a minha favorita.
De assinalar a homenagem sentida a Chi Cheng, baixista, em coma desde Novembro do ano passado devido a um acidente de carro.
Uma noite quase perfeita, só faltando partilhá-la com a minha querida amiga Rita, que eu sei de certeza, teria adorado, tanto ou mais do que eu! Para ela, aqui fica este video:

sábado, 22 de agosto de 2009

You just say "Bingo"


Já à muito tempo que não saía do cinema com uma sensação de satisfação e de dinheiro bem empregue. Finalmente Inglourious Basterds estreou, como Tarantino-dependente que sou já estava a modos que a ressacar. E valeu a pena a espera porque não desiludiu. Dialogos brilhantes, música "a matar" (a OST já vem a caminho, para se juntar a colecção QT), e nem o pézinho descalço tão típico faltou. Muito bom!
Arriverdeci!




Magnificent

Setembro de 1997: após lançarem o controverso álbum Pop, os U2 apresentaram-se em Lisboa, estádio de Alvalade para a sua megalómona Pop Mart Tour. Esta é, seguramente, a única boa experiência que passei em Alvalade! No limite dos meus 16 aninhos, consegui um lugar que me garatiu uma vista privilegiada sobre o palco. Horas a jogar Uno ao sol valeram-me uns bons segundos em que tive Bono Vox e Cia a menos de um metro de mim. Aos 16 anos, posso dizer que foi o máximo.

Quase 12 anos volvidos e voltei a ver U2 ao vivo. Os anos passaram, álbuns novos vieram. Desliguei-me um pouco depois de Pop, mas com How to Dismantle an Atomic Bomb reatei a minha ligação com o quarteto irlandês. Agora é um pouco 'trendy' dizer que não se gosta de U2, que o Bono é um convencido pretensioso com complexo de super herói. Nessa caso, acho que não sou trendy o suficiente. Mas quero lá saber. Achtung Babe é um dos álbuns que marcou a minha adolescência, e o mesmo pode ser dito de Zooropa. Ainda me lembro quando, no 8º ou 9º ano, ja não sei precisar, recebi um redondo 1 (!) na avaliação da minha capa de Educação Visual por ter desenhado o astronauta da capa de Zooropa. Incompreendida, já então!

Se Pop Mart Tour foi megalomona, que dizer da 360Tour? Com um estructura impressionante, qual aracnídeo espacial, um sistema video que permite uma visão 360 sobre o palco, cujo campo de visão está quase ao mesmo nível (com excepção de uma pequena área na parte de trás do palco, todo o estádio consegue ver o que se passa) é dificil não se ficar de boca aberta ao entrar no recinto. Achava que depois de ver Bono sair de um limão gigante para cantar Lemon em Alvalade, nada me iria impressionar, mas mal sabia eu acerca desta Tour.



Megalomono também o número de pessoas, perto de 90.000, quebrando assim o recorde de audiências em Wembley. E acreditem que ouvir 90 mil pessoas a cantar em unissino é qualquer coisa de especial.




E se dá para notar algumas evidências que os rapazes já não têm 20 anos, em termos de performance tenho a dizer que a genica é a mesma de há 12 anos atrás. Em termos de alinhamento, à parte da grande falha de não terem tocado nada do Zooropa [tinha custado muito tocar Stay (Farway, So Close)?], nada a assinalar. Valeu a surpresa de tocarem Ultra Violet (Light My Way), com Bono envergando um casaco de luzinhas violeta muito apropriado.


One, na minha opinião uma das melhores canções pop de sempre, parece não resultar tao bem ao vivo. Fiquem com a mesma sensação em Alvalade (e também com a minha velhinha VHS da Zoo TV Tour em Sidney). One é uma canção magnífica, muito bem escrita, quer em termos de letra quer de música. Acho que já a ouvi milhões de vezes, e sempre que a oiço não consigo deixar de vibrar com a forma como tudo se desenrola, num crescendo de intensidade. Não sei se Bono estã farto de a cantar tantas vezes, mas a verdade é que ao vivo perde um pouco da sua magia. Talvez, para mim, seja uma cancão para ser ouvida sózinha, no meu cantinho.

A par com a impressionante demonstração do poder da tecnologia, fica na memória o momento em que Bono pede para se desligarem as luzes do estádio e nos pediu que colocassemos os nossos telemóveis no ar ao som de Moment of Surrender. Uma autêntica Via Lactea em Wembley!




De assinalar também a excelente organização dos transportes de Londres, e da polícia, que conseguiram exemplarmente escoar perto de 90 mil pessoas do estádio num piscar de olhos, tornando assim aquilo que previa como sendo uma viagem de pesadelo até casa, como uma viagem mais ou menos normal à hora de ponta.

domingo, 16 de agosto de 2009

The Beach

No âmago do meu ser, sou uma verdadeira pexita. Se formos a pensar numa lista de características que fazem de uma pessoa pexita, eu teria de assinalar algumas delas. Mesmo estando longe, não raro algumas palavras saem com o tradicional sotaque e a inegável dicção, facto que se intensifica sempre que visito a minha bonita vila. Com outras coisas tradicionalmente pexitas não me identifico, tal como sair numa escola de samba em bikini ou cantar canções brasileiras no karaoke do Caberga. Mas ainda bem que alguém as faz, senão perdiamos um pouco da tradição pexita.

Uma coisa bem pexita que eu nunca tinha experenciado era ir ao Ribeiro de Cavalo. Agora que se calaram os gritos de exclamação, confirmo, eu nunca lá tinha ido. Isto para quem é de Sesimbra é uma falha quase tão grave como nunca ter ido comer caracóis ao Charrinho.
Ribeiro de Cavalo

Enfim, decidida a colmatar esta falha que fazia de mim uma pessoa menos digna, aceitei pernoitar nesta maravilhosa praia com uns amigos. O principal acesso ao Ribeiro de Cavalo é feito através do mar, mas como a maioria das pessoas não tem o previlégio de possuir meio de transporte que permita tal coisa, o acesso terra, descendo pela encosta mais ou menos acidentada é o mais utilizado.

Ainda hoje estou para perceber como eu decidi aceitar de bom grado a ideia de ir de canoa até este pedaco de paraíso em Sesimbra. Quem me conhece há tempo suficiente para se lembrar das minhas aulas de Educação Física, lembrar-se-á com certeza das minhas tristes figuras quando tentava practicar algum tipo de desporto. Eu sempre fui mais bolos, como dizia o outro. Mas como o tempo muda uma pessoa e eu até gosto de aventuras, lá disse que sim, embora tivesse algumas dúvidas que fosse capaz de chegar ao nosso destino sem cair ao mar. Na dúvida, resolvi envolver toda a mercadoria em sacos de plástico, não fosse o diabo tecê-las. Após algumas voltinhas a tentar dominar o remo, aqui a que vos escreve tem orgulho em dizer que completou não uma, mas duas viagens de canoa sem cair ao mar. Houve momentos, é certo, que temi um pouco, mas no geral correu tudo bem e à parte do calo no polegar direito, um semi-escaldão nas pernas e alguma salmoura na roupa lá chegámos são e salvos. E a vista, meus amigos...só por isso valeu a pena o esforço.


Não somos nós na canoa, mas podiamos bem ser.


Éramos um grupo valente, de 6 pessoas e meia (a nossa fofanela pequenina foi uma alegria constante) e um canito (o Puff ajudou-nos a guardar o acampamento pachorrentamente). Não éramos os únicos na praia, mas os outros grupos estavam a uma distancia que nos dava a segurança de não estarmos sózinhos e ao mesmo tempo o sossego que se impõe nestas situações. Apanhámos sol, tomámos banhos de mar, jogámos Uno e inventámos regras. Quando o sol se comecou a por montámos as tendas (umas mais fáceis que outras) e metemos mãos à obra para confeccionar o nosso manjar de febras, entrecosto e entermeadas, regadas a Casal Garcia, Porta da Ravessa e Sagres. Depois de um autêntico banquete, e de muita baba do Puff , iluminados pela magnifica lua cheia, juntámo-nos em redor da fogueira onde rimos com as historias de terror da mini-fofanela, que nos deu a conhecer a Maria Sangrenta e a razão (ainda por confirmar) pela qual a Kitty não tem boca.
As belas das canoas

Puff, o nosso fiel companheiro de acampamento

O nosso estaminé já montado

Ribeiro de Cavalo, visto do Aquarama


No fim, não só cimentei as minhas raizes pexitas como também passei um excelente bocado com os meus amigos. Foi uma daquelas experiências dificeis de repetir, por ter sido tão única e especial. Pena que 2 fofanelas não tenham ido, pode ser que com esta descrição e com as fotos fiquem com vontade de ir para a próxima.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

You know I'm back, I'm back...

Hiro, o meu terceiro 'sobrinho'

O tempo é muito temperamental. Tem o condão de se arrastar quando estamos a fazer algo mais aborrecido ou de voar quando estamos a passar um bom momento. Por isso 2 semanas (e 3 dias) podem parecer muito mas também podem parecer muito pouco. As minhas férias lá se passaram, sempre bem aproveitadas, por isso sempre a voar. No entanto agora que findaram, fica o gostinho a caracóis e vinho verde nos lábios e a sensação de que havia pouco mais a desejar. Muito sol, muita alegria, embora infelizmente (como já se começa a tornar hábito) não tivesse conseguido estar com toda a gente.


Aqui fica a lista das coisas que marcaram este meu 'Verão'.


Coisas que descobri (ou re-descobri):
Tango (bebida, não a dança)
Maracujoscas
Ribeiro de cavalo e acampamentos na praia
Canoas (e respectivos 'dói dóis canoeiros')
Cães (a minha aversão esta prácticamente curada, graças ao Bolt, Hiro e Puff)
Passeios de barco na nossa bela Sesimbra e o ar salgado a bater na cara
Farinha Torrada (esse doce tão pexito quanto calórico)


Coisas que de novidade pouco teem mas pelas quais anseio sempre:
As minhas Sesimbra e Lisboa
A minha familia sempre igual a si mesma, que me estragaram com mimos e que tanta falta faz por cá
Os meus amigos, os seus sorrisos e as suas conversas
As minhas fofanelas, pelos dias de praia e pelas noites de borga, e acima de tudo pela companhia
Caracóis, choco frito, salada de polvo, ameijoas e, desta vez, até arroz de tamboril
Caipirinhas
Pão com chourico e bolos depois de uma noitada
As compras com a minha mana (eu compro sempre mais coisas que ela, não é nada justo)
O meu Benfica a ganhar (vamos deixar esta neste grupo, ok?)
Chá no Chiado para pôr a conversa em dia


Coisas que não tenho saudades, mas que teem mesmo que ser:
Trânsito na auto-estrada a caminho da ponte (norte/sul/sul/norte)
Praia ao domingo (mas eu vou na mesma!)
'Seitas do garrafão' que vao para a praia em excursão ao domingo com os seus 1024 chapéus de sol, 325 geleiras com minis e sou capaz de jurar que desta vez ate vislumbrei um fogareiro
Falta de lugares para estacionar
Preço da gasolina (mas está tudo maluco por aí?)
Carnavais de Verão em Sesimbra (não gosto, não gosto e não gosto!)



E por aí fora... Para o ano há mais Verão assim. Entretanto vou vivendo o resto do Verão londrino que também está recheado de surpresas. Vou relatando aqui, no sítio do costume (não confundir com o Pingo Doce).

Anybody Out There?

Estou de volta!!
Após umas semanas de trabalho non-stop e de umas férias espectaculares, Cá estou de volta ao fog.
Prometo novidades em breve!!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Moonwalk


Participei pela primeira vez num flash mob à uns dias atrás. Originalmente, o plano era ir até à guerra de almofadas que ia decorrer em Trafalgar Sq, mas quis o destino que acabássemos em Liverpool Street Station a dançar o moonwalk. Isto é um exemplo do poder da internet. Michael Jackson morreu numa quinta-feira. Na sexta seguinte de manhã, um tipo no Twitter escreveu qualquer coisa como 'e se prestassemos tributo ao rei da pop e fossemos dançar o moonwalk para Liverpool St station esta tarde?'. O que começou por uma brincadeira no Twitter, acabou por se tornar um evento de massas que acabou transmitido em directo em canais como a CNN. O tweet foir reenvidado (ou RT) e em breve chegou a muitas mais pessoas do que os normais seguidores da pessoa que originou a ideia. A ideia era simples, às 6 da tarde, na estaço, tentar reunir o maior número de pessoas a dançar o moonwalk. E nós pensámos, porque não? Troca-se as almofadas pelo moonwalk. E assim foi. Depois de uma viagem atribulada de metro lá chegámos ao nosso destino, e o número de pessoas já presentes na zona dificultou o encontro com alguns amigos que já lá estavam. Depois do reencontro, lá nos dirigimos para o meio da multidão. A minha estatura típica do sul da Europa não me deixou ver grande coisa. Valeu-me um amigo com uma altura mais digna que me ia relatando o que estava a acontecer. Mas ainda consegui ver umas luvas brancas no ar (à falta de luvas de brilhantes), e posters do rei da pop a emergir por todos os cantos. Pessoas em cima de cabines telefónicas e nas janelas dos edificios em volta tentavam vislumbrar o que se passava. Após alguns minutos de atraso (lá se foi a pontualidade britânica) começaram os primeiros acordes de Billy Jean, levando a multidão à loucura. Não sei se alguem fez o moonwalk, pelo menos eu não vi ninguem, embora muita gente tentasse sem muito sucesso. No entando, todos dançaram e cantaram, ou pelo menos tentaram. Não sendo própriamente fã do senhor, reconheço a contribuição dele para a música em geral (e também para correr tinta nos jornais sensacionalistas). Por isso, até foi com algum respeito, além do imenso divertimento, que participei nesta iniciativa que começou como uma brincadeira na net e acabou no noticiário da CNN. Pelo menos, para testemunhar o poder que a internet nos põe nas mãos.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Eat like a Portuguese

Ainda relacionado com o post anterior, acabámos o dia do escaldão no Nandos (quase que me envergonho de dizer isto). O Nandos é uma cadeia de restaurantes (supostamente) portuguesa, que usa um Galo de Barcelos como logo, ao qual chamam de Barci. Fundado por um sul-africano, e com vários restaurantes por este mundinho fora, especializa-se em frango assado com 'peri-peri' (sim, escrevem-no mesmo assim). Vendem Super Bock e Sagres, pasteis de nata e mousse de chocolate em tacinhas de barro que fazem lembrar as taças de sobremesas da Menorquina, que são vezes demais aproveitadas mais tarde para cinzeiros nos restaurantes mais típicos.
Optei por um prego, desejosa de comer um belo bifinho entre duas metades de papo-seco ensopado em mostardinha. Mas o que me chegou à mesa era um pouco differente: o bife estava lá, e até a tentativa de papo seco (ou portuguese roll, como lhe chamam) não era assim tão diferente, mas mostarda, nem vê-la. Em vez disso, maionese. Maionese! E uma folha de alface e rodelas de tomate. Sim, salada num prego. Ora meus amigos do Nandos – isto não é um prego! É um hamburguer mutante. Um hamburguer-prego. Um hambrego. Ora, estão um pouco equivocados nisto da comida portuguesa. E depois de ver o seguinte viral no youtube, não isto do hambrego não me surpreende:




Ora bem, eles também não sabem bem o que é ser português. Nós não somos todos padres com bigode. E além lhes diga que lá por uma canção ter a palavra ‘Portugal’ no refrão, não quer dizer que seja cantada em português.

(Não sei bem se o video é oficial – mas não vejo porque não o seja, embora nem sempre se possa confiar no youtube. Além de que já ouvi anúncios deles na rádio, em que punham os portugueses todos a andar de burrito. Além daquele cantor pimba, não conheço nenhum português que ainda ande de burro, mas tudo bem!)

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Summertime and the living is easy...


As ideias pré-concebidas devem ser desafiadas, porque muitas vezes nos fazem cair na rotina e não nos deixam inovar. Isto é especialmente verdade quando sentimos na pele o peso das tais ideias pré-concebidas. Ou o ardor, neste caso. Este fim de semana uma das minhas ideias pré-concebidas caiu por terra, e eu senti-o na pele. Aliás, ainda sinto! As temperaturas no passado fim de semana (e que ainda hoje se registam) superaram as expectativas para o Verão, quanto mais para o final mês de Maio. Os parques, as esplanadas, as ruas, tudo se encheu de gente feliz a aproveitar ao máximo a dádiva de um São Pedro que teima em ser um pouco sovina no que diz respeito a oferecer um pouco de sol a este país. Nós, que não somos excepção, fomos até Primrose Hill, um parque um pouco menos conhecido que os famosos parques do centro da cidade, e que se caracteriza por ter uma colina (Hill - daí o nome) com uma bela vista sobre a cidade. Apanhámos sol, lemos, jogámos cartas com amigos, petiscamos, jogámos à bola. Exactamente como na praia, com a excepção de não haver mar (que é o pior) nem areia a ir-nos para os olhos (que é o melhor). E exactamente como acontece na praia quando não se tomam as devidas precauções, aqui a que alegremente vos escreve, decidiu ignorar o poder o sol londrino ('isto queimar-me, alguma vez!') e nem equaciou a possibilidade de levar protector solar para a proteger de eventuais vermelhidões desconfortáveis no corpo. O que resultou num exemplar escaldão que ainda hoje exibo, e que me envergonha: eu tuga habituada a estas coisas de sol e calor, deixar-se apanhar pelo sol inglês, esse mesmo sol que muita gente jura não existir. Existe sim senhora, e eu sou a prova disso! Mas à parte disso, foi um belo dia, em que revivemos jogatanas de copas e admirámos as festas no parque com champanhe em taças de vidro. Estes londrinos conseguem ser mesmo finos quando querem. Excepto aquelas senhoras que se põem em roupa interior a apanhar sol - isso é que já não me parece nada bem.
PS: A foto não foi tirada no dia dos acontecimentos narrados acima! Estava sol e muito mais gente no parque...

domingo, 17 de maio de 2009

Glory, Glory Man Utd

Este post já vem um pouco atrasado, mas tudo bem. Infelizmente não tenho tido tanto tempo como gostaria para actualizar o meu blog, daí os últimos dois posts terem sido rápidos como relâmpagos!

Bom, mas chega de conversa fiada...

Estar em Inglaterra e não ir ver um jogo da Premier League seria quase heresia. Depois de ter visitado o Emirates Stadium para ver Portugal x Brasil (jogo esse que ganhámos), foi a vez de ir até Old Trafford. Planeamos tudo em Fevereiro, altura em que o jogo deveria ter acontecido, mas porque o Manchester United foi apurado para a final da Taça de Liga, o jogo foi adiado para Abril. E nós, de bilhete na mão, lá tivemos de alterar os nossos planos e esperar até Abril. Inicialmente o jogo iria realizar-se num sábado, dando-nos algum tempo para visitar Manchester (essa bela localidade). Mas a nova data calhou a uma quarta, não nos deixando outra alternativa senão partir à hora do almoço, depois de uma manhã de trabalho, ficar lá e regressar no comboio das 6 da manhã a Londres e ir directos para o trabalho. E nós, tudo bem, vamos a isso.

E lá fomos, numa quarta-feira quente. Entrámos no comboio em Euston e 2h10m depois chegavámos a Manchester, depois de muitas paisagens verdejantes e ovelhas a pastar. Manchester é uma cidade que não me impressionou, mas à qual tenho de dar o beneficio da dúvida porque não estive lá tempo suficiente para ficar com opinião formada. Achei-a muito escura, com os seus edifícios tipo armazéns, típica cidade que se desenvolveu com a revolução industrial.

Depois de alguma confusão para encontrar o hotel (dois hoteis com o mesmo nome, na mesma zona, quem se ia lembrar disto?) e com algum atraso do autocarro, lá chegamos ao estádio. Para quem já foi ver um jogo de futebol, sabe como é o ambiente: muitas barraquinhas a vender camisolas e cachecois, comes e bebes, embora desta vez o tradicional coirato e a fabulosa mini tenham sido substituidos pelo cachorro quente e o litro de cerveja quente. A diferença é mesmo o número de polícias presentes e pessoas a vestirem a camisola dos clubes, no sentido literal da palavra, que são muitas mais.
Vestir a camisola é algo que os ingleses fazem muito, especialmente ao fim de semana. É normal ver a malta a dar um passeio domingueiro com a camisola do seu clube vestida. Também há a versão mais formal, para os dias de trabalho, que consiste em usar o cachecol futebolístico para se abrigar do frio por cima do sobretudo.
A partir daqui a experiência foi um pouco diferente, devido ao tipo de bilhetes que tinhamos, que incluiam jantar no museu do clube. Ao chegarmos ao museu fomos recebidos pela gerente do espaco, que nos ofereceu uma bebida. Lá peguei na minha bebida (e ainda bem, porque as bebidas do jantar não estavam incluidas no preço...) e fomos até à nossa mesa, onde já estavam algumas pessoas sentadas: um casal de meia idade, e um grupo de 4 amigos. A comida estava boa (típico prato armado ao pingarelho - enorme e com pouca quantidade de comida no meio salpicada por um molho qualquer janota), e entretenimento não faltou: desde a visita da kitsh mascote do clube (Fred the Red), um jogador antigo (cujo nome não me lembro mas também, isso é sinal de que não era assim tão bom. certo?), um mágico, um quizz e até sessão de apostas. Como não sou muito de apostas, por essa altura andavamos a visitar o museu. Sendo eu benfiquista, não posso deixar de fazer um reparo: a camisola de Germano, jogador do Benfica trocada no jogo em que se defrontaram para o equivalente à Liga dos Campeões da altura. E se querem saber, não. não haviam camisolas do SCP nem do FCP...


Depois lá nos dirigimos ao nosso lugar para ver o jogo, em que o Man Utd defrontava o Portsmouth. Ao ínicio, o estádio não impressiona tanto como a Luz, embora leve mais gente (ainda me lembro da primeiro vez que pisei o antigo Estádio da Luz, que sensação!). Ao meu lado o tipo adepto inglês: grande, careca e de pele rosada. Vestia uma camisola do clube (claro!) e empunhava um cachecol encarnado. Berrou o jogo todo, e até deu murros da parede quando as coisas não correram como ele queria, apesar dos gritos e tácticas que ele mandou para o campo. Esses murros assustaram-me umas quantas vezes, confesso... O jogo foi um pouco aborrecido, não foi muito empolgante, mas suficiente para a equipa da casa vencer por 2-0. Confesso que esperava mais reacção do píblico em geral: ao ínicio os cânticos fizeram-se ouvir por todo o estádio, mas depressa se esmoreceram. Estarão demasiado habituados a ganhar?

Bom, o jogo acabou e lá voltamos ao centro da cidade, prontos para as poucas horas de sono que se seguiam. Estava tudo a correr como planeado não fosse o hotel ser ao lado de uma discoteca onde, aparentemente, fãs do Manchester gritaram a noite toda, cantando canções ao seu clube, provávelmente alimentados pelo álcool. Para mal dos nossos pecados, o que não cantaram no estádio, cantaram ali...