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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Art in a Material World


Londres é uma cidade de muitos e diversos museus. De entre todos, o meu favorito é Tate Modern, não só pela sua colecção de arte moderna, como também pelo seu edifício, uma antiga central eléctrica convertida em museu. A sua localização privilegiada junto ao Tamisa, com a Catedral de São Paulo logo do outro lado da cosmopolita Millennium Bridge, permite aproveitar uma zona bastante movimentada e bonita de Londres ao mesmo tempo que absorvermos alguma cultura.

O único senão deste museu é o facto de não conter nenhuma obra do meu artista favorito, Keith Haring. Quem já visitou a minha casa ou trabalhou comigo, decerto percebeu a minha predilecção por este artista. Gosto particularmente do seu traço simples mas vibrante, que me desperta quase sempre boas emoções.

K. Haring teve o seu auge nos idos anos 80, e já antes de Banksy colorir as paredes do mundo já Haring espalhava um pouco da sua arte por toda a parte. Um dos protegidos de Warhol, começou a aproveitar o espaço publicitário vazio no metro de NY para dar a conhecer o seu trabalho. Daí a abrir a sua Pop Shop, onde colocou a disposição de todos a sua arte (era através da reprodução do seu trabalho que a sua arte ganhava vida, segundo o próprio), foi um salto.


Keith Haring na Pop Shop, em Nova Iorque


Tive a oportunidade de ver uma exposição com alguns dos seus maiores trabalhos em Lisboa, no Edifício Sede da Caixa Geral de Depósitos, há já alguns anos. Em algumas viagens que fiz, tive a sorte de ver mais alguns, como no Checkpoint Charlie Museum em Berlin, onde está exposto uma parte do antigo muro de Berlim onde Haring pintou uma das suas imagens de marca, o anjo. Também em Nova Iorque, no MOMA, pude ver alguns dos seus trabalhos.

Ao saber da nova exposição temporária da Tate, Art in a Material World, não pensei duas vezes. A perspectiva de ver algumas obras de Pop Art, a minha corrente favorita, incluindo Warhol, Hirst e Murakami (embora este último não seja dos meus favoritos) era muito boa. Mas eu não estava à espera que fosse assim tão boa, confesso, talvez já habituada a falta de obras de Haring pelos museus de arte moderna.



Foi por isso que, ao me deparar com uma réplica da famosa Pop Shop em plena Tate, o meu coração disparou e senti-me como uma criança pequena em véspera de Natal. Oportunidade também para ver várias fotografias de Haring no seu dia a dia, inclusivamente uma foto maravilhosa a pintar Grace Jones, essa incrivel vilã dos filmes do Bond. Interessante também o reforço da ideia de Pop Art estar intimamente ligada à publicidade, ou vice-versa, deixando-me a pensar se será essa a razão que me leva a gostar de ambas as áreas.


No fim, uma questão ficou no ar. Quais os limites da arte? Não me proponho responder a esta pergunta, que tantos antes tentaram responder. A exposição era para maiores de 18 anos. Básicamente porque uma das salas continha uma série de fotografias (e algumas esculturas) que tinham como protaganista o autor das obras e nem mais nem menos que a famosa Cicciolina, em poses bastante explícitas (um dos quadros entitulava-se 'Jeff on Top', só para terem uma ideia). No museu conseguia-se vislumbrar os visitantes mais púdicos, que não escondiam o seu ar chocado, e outros que olhavam atentamente as obras, talvez na esperança de as tentar perceber melhor (prefiro pensar que era nisto que eles estavam a pensar). Mais interessante que esta parte da exposição própriamente dita, foi ver um pobre segurança a tentar barrar a entrada aos menores de 18 anos presentes na exposição, e a muitas vezes ter de explicar aos pais que os acompanhavam a razão porque o tinha de fazer.

Fora este momento canal 18 em plena Tate, foi sem dúvida uma bela tarde bem passada, e com vontade de repetir em breve.

E se quiserem saber mais sobre Keith Haring, cliquem aqui.