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domingo, 16 de agosto de 2009

The Beach

No âmago do meu ser, sou uma verdadeira pexita. Se formos a pensar numa lista de características que fazem de uma pessoa pexita, eu teria de assinalar algumas delas. Mesmo estando longe, não raro algumas palavras saem com o tradicional sotaque e a inegável dicção, facto que se intensifica sempre que visito a minha bonita vila. Com outras coisas tradicionalmente pexitas não me identifico, tal como sair numa escola de samba em bikini ou cantar canções brasileiras no karaoke do Caberga. Mas ainda bem que alguém as faz, senão perdiamos um pouco da tradição pexita.

Uma coisa bem pexita que eu nunca tinha experenciado era ir ao Ribeiro de Cavalo. Agora que se calaram os gritos de exclamação, confirmo, eu nunca lá tinha ido. Isto para quem é de Sesimbra é uma falha quase tão grave como nunca ter ido comer caracóis ao Charrinho.
Ribeiro de Cavalo

Enfim, decidida a colmatar esta falha que fazia de mim uma pessoa menos digna, aceitei pernoitar nesta maravilhosa praia com uns amigos. O principal acesso ao Ribeiro de Cavalo é feito através do mar, mas como a maioria das pessoas não tem o previlégio de possuir meio de transporte que permita tal coisa, o acesso terra, descendo pela encosta mais ou menos acidentada é o mais utilizado.

Ainda hoje estou para perceber como eu decidi aceitar de bom grado a ideia de ir de canoa até este pedaco de paraíso em Sesimbra. Quem me conhece há tempo suficiente para se lembrar das minhas aulas de Educação Física, lembrar-se-á com certeza das minhas tristes figuras quando tentava practicar algum tipo de desporto. Eu sempre fui mais bolos, como dizia o outro. Mas como o tempo muda uma pessoa e eu até gosto de aventuras, lá disse que sim, embora tivesse algumas dúvidas que fosse capaz de chegar ao nosso destino sem cair ao mar. Na dúvida, resolvi envolver toda a mercadoria em sacos de plástico, não fosse o diabo tecê-las. Após algumas voltinhas a tentar dominar o remo, aqui a que vos escreve tem orgulho em dizer que completou não uma, mas duas viagens de canoa sem cair ao mar. Houve momentos, é certo, que temi um pouco, mas no geral correu tudo bem e à parte do calo no polegar direito, um semi-escaldão nas pernas e alguma salmoura na roupa lá chegámos são e salvos. E a vista, meus amigos...só por isso valeu a pena o esforço.


Não somos nós na canoa, mas podiamos bem ser.


Éramos um grupo valente, de 6 pessoas e meia (a nossa fofanela pequenina foi uma alegria constante) e um canito (o Puff ajudou-nos a guardar o acampamento pachorrentamente). Não éramos os únicos na praia, mas os outros grupos estavam a uma distancia que nos dava a segurança de não estarmos sózinhos e ao mesmo tempo o sossego que se impõe nestas situações. Apanhámos sol, tomámos banhos de mar, jogámos Uno e inventámos regras. Quando o sol se comecou a por montámos as tendas (umas mais fáceis que outras) e metemos mãos à obra para confeccionar o nosso manjar de febras, entrecosto e entermeadas, regadas a Casal Garcia, Porta da Ravessa e Sagres. Depois de um autêntico banquete, e de muita baba do Puff , iluminados pela magnifica lua cheia, juntámo-nos em redor da fogueira onde rimos com as historias de terror da mini-fofanela, que nos deu a conhecer a Maria Sangrenta e a razão (ainda por confirmar) pela qual a Kitty não tem boca.
As belas das canoas

Puff, o nosso fiel companheiro de acampamento

O nosso estaminé já montado

Ribeiro de Cavalo, visto do Aquarama


No fim, não só cimentei as minhas raizes pexitas como também passei um excelente bocado com os meus amigos. Foi uma daquelas experiências dificeis de repetir, por ter sido tão única e especial. Pena que 2 fofanelas não tenham ido, pode ser que com esta descrição e com as fotos fiquem com vontade de ir para a próxima.