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domingo, 19 de dezembro de 2010

White London

Mais uma vez Londres acordou coberta de neve. Mas desta vez, em quantidades nunca vistas antes por esta que vos escreve. O suficiente para fechar aeroportos, atrasar o metro, cancelar comboios, fazer os carros andar a passo de caracol. O suficiente também para animar crianças e adultos, para construir bonecos de neve, para espicaçar as mais afogueadas batalhas de bolas de neve. Pelo menos, para aqueles que não viram as suas férias de Natal serem adiadas por uns dias, devido aos problemas de transporte...

Nós aproveitámos ao máximo: fizemos o nosso primeiro boneco de neve (o Eusébio), atirámos bolas furiosamente, desenhámos na neve, tirámos fotos. Um dia para recordar.

Antes das fotos deste dia fica a pergunta, porque é que todos anos, à minima queda de neve, Londres pára e torna-se numa cidade caótica em termos de transportes? Afinal, neve já não é novidade neste país....





domingo, 5 de dezembro de 2010

I Want Candy

Anda aí uma febre de cupcakes em Portugal. É a loucura pelos "muffins com cabelo à pinipon" (não fui eu que inventei esta descrição, li-a algures na net). Os cupcakes já são algo muito batido por cá, mas há sempre alguém   que consegue dar-lhe um toque um pouco diferente.
Não acreditam? Vejam estas fotos, da "cupcakerie" Cox Cookies & Cake no Soho, que visitámos na sexta feira (desculpem a fraca qualidade, são fotos de telémovel):










Alguns um pouco mais arrojados, talvez até demasiado extravagantes para as mentes mais puritanas deste mundo, mas todos bastante originais, e pelo que provei, saborosos! A própria loja é uma experiência por si só, repleta de neons e luzes de várias cores, dá assim a sensação de ter entrado numa rave cuja tema são os esses bolinhos que são muitas vezes uma obra de arte tão saborosa.
Eu iniciei-me nesta coisa dos cupcakes pastilhados com um cupcake de cariz natalício (primeira fotos). com recheio de chocolate e brandy. Após alguma incerteza sobre o que fazer com a bola de Natal (será que se come, será que vou partir os dentes e rasgar um lábio de ser uma dentada?) lá tive o prazer de descobrir que era feita de um saboroso chocolate branco. O meu "mai-que-tudo" (e estou a ficar sem termos azeiteiros para me referir a ele aqui neste blog) optou obviamente pelo cavernoso (foto 5), o único cupcake do mundo com pêlos no peito.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Thinking and Drinking

Amuse-Bouche

Ontem, juntamente com uns colegas, participei num evento organizado pela agência onde trabalho, que foi assim um tanto ou quanto fora do vulgar. O objectivo da noite foi melhorar a nossa capacidade de fazer conversa. De tagarelar. O "parlapié". A conversa fiada.

Fomos convidados para um jantar. Mas para além do familiar menú de comida, havia um outro menú disponível, e ao qual não podiamos fugir. Um menú de conversação. Com a mesma estrutura do menú de comida: entrada, prato principal e sobremesa. A coisa funciona um pouco como o speed dating, mas com um ritmo menos acelerado e com mais palavras pelo meio.

Como funciona isto de aperfeiçoar a arte da conversação?
Quando se dá ínicio ao jantar, e enquanto apreciamos a nossa entrada, viramo-nos para o lado direito e começamos a polir a nossa conversa com o colega sentado ao lado. Olhamos para os "pratos" disponíveis no menú de entradas, e escolhemos uma pergunta para fazer ao nosso companheiro de "curso". Os companheiros de conversa vão rodando conforme passamos da entrada para o prato principal, e depois para a sobremesa. E nós, sem darmos por isso, enquanto saboreamos um belo bife vamos discutindo com pessoas que mal conhecemos coisas tão profundas como o dia em que deixámos de ser crianças, o conselho que gostaríamos que nos tivessem dado e não deram, os nossos maiores medos...temas como o tempo, o fim de semana, a comida são deixados no bengaleiro junto dos casacos, das malas e dos telemóveis.

Não é fácil. Muitas vezes sentimos a tentação de dizer coisas fúteis como "E o frio que se faz sentir?", mas com um pouco de força e coragem atingimos o ponto em que nos abrimos e damos por nós a falar sobre os nossos maiores medos com aquele colega do trabalho com quem só trocamos palavras de circunstância. E a coisa flui, e não damos pelo tempo a passar, e quando damos por nós estamos a acabar a sobremesa e ouvimos o soar da buzina a anunciar o fim da nossa refeição de palavras.

Sem dúvida uma experiência diferente, e interessante. É uma oportunidade para vermos as pessoas que trabalham connosco como "pessoas", e não apenas colegas.

A noite for organizada pela "School of Life". Se tiverem uns minutinhos vão lá espreitar, e não percam a oportunidade de sorrir um pouco ao ver os cursos que têm disponíveis.

E eu prometo que vou lutar contra a conversa fiada e referências ao tempo. Embora o meu último post tenha sido sobre isso mesmo: o tempo. Desculpem lá qualquer coisinha.

Let it Snow

Este ano chegou mais cedo, o manto branco. Aqui ficam algumas fotos. Poucas, porque é difícil teclar e mexer no rato com temperaturas negativas!








sábado, 13 de novembro de 2010

It's my party, and I'll cry if I want to!

Os aniversários são dias que passam num piscar de olhos. Mas são dias diferentes, em que acordamos e nos sentimos especiais, em que recebemos mensagens e telefonemas e emails sem parar. Faz-nos sentir como uma daquelas celebridades que estão constantemente a levar com o flash das máquinas fotograficas dos paparazzi, mas óbviamente em formato sms. Mas somos mais daquelas estrelas cadentes, que têm os seus 15 minutos de fama e que no dia seguinte já não fazem capas de revista.

Este foi um aniversário grande, como tal foi celebrado a 3 frentes:

1. Londres, comigo mesma e com os amigos londrinos

2. Lisboa, com a familia

3. Sesimbra, com os amigos portugueses

No dia D fui tirando algumas fotos, com a ideia de mais tarde publicar aqui no blog e desta forma partilhar com os que estão longe este dia especial, em que passei uma barreira, que segundo dizem, é significativa. Eu ainda não senti grandes diferençaas, mas também ainda sou nova nesta faixa etária. Escolhi falar deste dia, o dia 1 dos festejos,porque as pessoas que lêem este blog (sim, vocês duas!) estiveram presentes na celebração em Sesimbra, portanto já sabem de gingeira o que se passou lá, e o quão especial foi!

Comecei o dia a dormir, básicamente. Quem me conhece sabe que dormir é uma das minhas coisas favoritas, e poder dormir um pouco mais do que isto de ter um emprego me permite, é um belo presente de aniversário.

Ao almoco fui ter com o meu mor, que me esperava alegremente com um belo ramo de flores em punho, e que me parabenizou mais uma vez (depois dos primeiros festejos assim que o relógio marcou a meia noite).

Levou-me a almocar ao Ping Pong, um restaurante de Dim Sum muito apreciado aqui pela vossa amiga. Foi um verdadeiro manjar dos deuses, acreditem (eu sei que as fotos não fazem justiça)!

Depois de um belo repasto, o meu mor teve de voltar para o emprego, e foi então que começou uma das coisas pelas quais eu mais ansiava: uma tarde só para mim, perdida por Londres, em que não tinha de dar satisfações a ninguém, e podia fazer o que bem entendesse. A minha escolha recaiu sobre o Victoria & Albert Museum, um dos meus museus favoritos.

Infelizmente a colecção que queria ver estava fechada, mas deu para me perder na colecção de moda permanente, e observar examplares de vestidos magníficos dos dias de hoje e dos dias de ontem, e constatar que realmente as coisas são bem mais fáceis para as mulheres hoje em dia (se não contarmos com os saltos agulha, pois claro). Depois de ganhar alguma inspiração e de olhar babada mais uma vez para alguns dos vestidos lá presentes (como este verde de Vivienne Westwood, o lindíssimo vestido Piano de Karl Lagerfeld para a Chanel e o famoso vestido de pérolas usado pela Lady Di aquando da sua visita a Hong Kong), uns pelo bom gosto, outros pelo marcar de uma era.

Depois de deambular pela loja do museu (adoro lojas de museus pronto, é uma fraqueza que eu tenho!) fui até Piccadilly para o lanche, onde me refastelei com chá e scones, com clothed cream e doce de morango, como manda a tradição.

Confesso que tive um daqueles momentos em que olhamos para nós mesmos, como se nos estivéssemos a observar de fora, e dei comigo a pensar "Rapariga - olha os táxis e os autocarros de dois andares a passar lá fora. Tens um scone na boca. Tu estás em Londres mulher!". Parece que depois de tanto tempo ainda não estou bem habituada a esta ideia.

Depois desta epifania fui ter com umas amigas, e mais surpresas, mais flores maravilhosas e presentes. Muitos cartões! Muito gostam estes ingleses de escrever cartões de aniversário - confesso que já tenho mais em 4 anos de aniversários e afins cá do que uma vida toda em Portugal!

O dia acabou com um belo jantar num restaurante marroquino, onde não faltou dança do ventre, e um bolo surpresa maravilhoso e tão apetitoso!! Parece que este aniversário foi o aniversário dos bolos surpresa - cada um melhor que o outro!

Para o ano, em Lisboa, Londres ou onde o destino me quiser levar!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

When in Rome...

...do as romans do. But do it with a twist.

Para enfrentar as chuvinhas de Londres decidi comprar umas galochas. Mas umas que me façam sorrir. Para cinzento já bastam os dias de chuva.

These are a few of my favourite things

Porque hoje foi um dia menos bom, decidi fazer uma lista de algumas coisas que me fazem feliz, para me lembrar que nem tudo é mau.


O barulho da chuva a cair lá fora quando estou enroladinha no sofá a ver um bom filme com uma caneca de chá fumegante e scones feitos por nós dois.

Beber um cappuccino e um pain au chocolat no meu café favorito enquanto leio um bom livro.

Beber um café com as amigas à beira mar ao entardecer.

O riso dos meus sobrinhos.

O sorriso da minha mãe.

Os abraços do meu pai.

Os conselhos da minha irmã.

O rir desalmadamente com a minha cara metade sobre coisas idiotas.

Ficar acordada até tarde a ver Frasiers.

Sentar-me junto ao rio às sextas feiras com sol a beber um copo com os amigos.

O ronronar suave dos gatinhos quando estão felizes (ok, sé de ver um gato a minha moral sobe logo, admito).

Bebés, e as suas mãos e pés pequenitos.

Qualquer episódio do Seinfeld.

Casais velhinhos de mãos dadas.

Lisboa vista de cima quando o nosso avião está prestes a chegar.

Olhar para o mar em Sesimbra quando há vendaval.

Partilhar uma caipirinha com a minha irmã (com muito açúcar!).

Ouvir os meus pais contar pela milésima vez como se conheceram.

Ver Sesimbra da serra, quando chego de férias.

Pisar neve fresca.

A baixa lisboeta e as suas ruas milimetricamente paralelas.

O Rossio e o zumbir da gente que se movimenta de um lado para o outro.

Ver fotos antigas, e rir com os penteados e roupas que nós usavamos.

Receber uma carta no correio.

Receber uma mensagem daquela amiga que nunca, mas nunca, me manda mensagens.

Ler um "bom dia" daquelas amigas que quase todos os dias nos ajudam a ultrapassar mais um dia de trabalho.

Chegar a casa e ter flores à minha espera.

Acordar sem despertador.

Adormecer quando o sono vem e não quanto tem de ser (porque faltam x horas para acordar).

Encontrar pasteis de nata longe de Portugal (aliás, encontrar o que quer que seja português, longe de Portugal).

Ouvir Mariza enquanto caminho pelas ruas de Londres.

Ver o Benfica a ganhar.

Ouvir as minhas musicas favoritas tocadas ao vivo.

domingo, 10 de outubro de 2010

It's a nice day for a white wedding #2

Atenção: este post contém alto teor de ironia

Daqui a 6 mesinhos é o grande dia.
Mas antes disso a nossa queda para a organização de eventos vai sendo posta à prova, quase todos os dias.
Mas pouco a pouco, vamos conseguindo umas coisinhas.

Quinta - foi dificil escolher quando entre as várias hipóteses se encontram o Mourinho das Quintas e a quinta onde se gravou o filme "A Noite das Facas Longas" mas após alguma ponderação lá escolhemos e surpresa, surpresa, não é nenhuma destas!

Fotógrafo - também foi excruciante lutar contra a vontade de escolher um fotógrafo que fizesse um álbum de casamento contendo as famosas fotos estilo "beijinho-à-mãe-beijinho-ao-pai". Garanto-vos que queria mesmo que tirassem uma foto ao meu reflexo no espelho, ou até mesmo uma daquelas em que a noiva olha apaixonada para uma foto do noivo. Ao segundo interveniente deste drama também lhe estava mesmo a apetecer tirar uma foto com o casaco ao ombro, a olhar para o horizonte enquanto posa na sala dos pais, mesmo ao lado da mesa dos rissóis para os convidados petiscarem enquanto esperam a sua vez na sessão de fotos "beijinho". Mas fomos fortes, sim fomos muito fortes, e escolhemos um fotógrafo assim mais inclinado para a foto-reportagem, capaz de fazer assim umas fotos menos fabricadas e mais espontâneas.

Animação - ainda não concluimos esta busca, mas estamos perto. Será agora uma tentativa de conseguir um DJ capaz de incluir todas as músicas cliché, tipo a música do Dirty Dancing, Hero da Mariah Carey, Angel do Robbie Williams, My Heart Will Go On do Celine Dion, e outras torturas que tais. Estamos abertos a sugestões, caso tenham alguma ideia de músicas azeiteiras que são obrigadas por lei a passar em casamentos.*


*a gerência não garante que as sugestões passem disso mesmo, de sugestões!

101010

Para aqueles que ficaram a pensar que foi desta que eu fritei de vez, não temam! Não usei código binário para escrever o título deste post, apenas escrevi a data de hoje. Mas se querem mesmo saber, em código binário, 101010 significa 42. Não que eu tenha googlado ou coisa assim...

Ainda me lembro de quando, a 8 de Agosto do ano da graça do Senhor de 1988, escrevi no meu diário da Mafalda, que aquele era um dia muito especial, e que só se repetiria dali a muito tempo, com a data 8/8/88.

Mais de 20 anos depois (pausa para recuperar do choque de já ter passado mais de duas décadas) cá estou eu a assinalar, de uma forma mais de acordo com os nossos dias de hoje, mais uma data capícua, 10/10/10.

Não me recordo do que fiz a 9/9/99. Estava provavelmente demasiado ocupada com o final da minha adolescência. Nem do que fiz no primeiro dia do ano 2001. Mas também não interessa nada. Interessa é que daqui a uns tempos, irei lembrar-me deste dia, como me lembro do dia 8/8/88, como o dia em escrevi neste blog sobre um assunto tão pouco interessante quanto este.

Resta-nos aguardar pelo dia 12 de Dezembro de 2012, depois do qual teremos de esperar algum tempo até que mais uma data assim armada em engraçadinha nos calhe no calendário.

domingo, 19 de setembro de 2010

Charlie and the Chocolate Factory

Eu nunca fui uma rapariga com o dom da culinária. No geral, safo-me, mas não tenho umas mãos de fada para fazer cozinhados - os meus cozinhados são (a maioria das vezes) mais que comestíveis mas não são nenhum manjar dos deuses. Gosto de pensar que tenho outros atributos!

Quando comprámos a nossa casa, fiquei inspirada para ser fada do lar. Melhor, fada da cozinha. Comecei a coleccionar receitas, e em equipa experimentámos e descobrimos receitas óptimas, que ainda hoje fazemos. Mas a minha melhor obra de culinária sempre foi o bolo de chocolate. Mais uma vez, mais que simplesmente comestível, mas provávelmente não será o melhor bolo de chocolate do mundo. O que é bom, porque aparentemente andam muitos desses para aí, basta ver a ementa dos restaurantes que têm a mania que são engraçados e lá estã ele, entre o doce da casa e o pudim da avó.

Para mim, e mais importante ainda, para o meu rapaz, é um bolo muito bom. E isso chega para me sentir orgulhosa do meu bolinho.

Quando vivia em Lisboa, fazia-o muito. Em Londres, a falta de utensílios como deve ser (aiii que saudades da minha cozinha em Lisboa) não me tenta a fazê-lo com frequência. Alem disso, das vezes que tentei fazer um bolo por esta bandas, algo não correu bem e os bolos ficam assim tipo bolo lilliputiano - pequenino, pequenino. Dependendo do meu humor, culpo a farinha inglesa ou a potência do nosso forno.

A semana passada, fiz uma espécie de ultimato à farinha e ao forno inglês. Era o derradeiro teste, do qual dependia as minhas futuras tentativas de fazer bolos em Londres. Se não resultasse, arrumava a espátula e a forma do Ikea, e não me aventuraria a fazer mais do que scones durante o Inverno.

Mas meus amigos, depois de 4 aninhos, voltei a ter o prazer de ter um bolo com tamanho de gente, e cara de gente, e não um bolo com o sabor concentrado em 3 centimetros. Esta experiência deu-me alento, e hoje, armada de ingredientes portugueses comprados na merceria portuguesa em Camden Town (já vos disse que os ingredientes ingleses não são de confiança) eu misturei, mexi, bati, barrei, cozi e voilá!

O meu bolinho de chocolate está de volta, maior que o normal e tudo, e sei que o sabor continua (quase) o mesmo, a julgar pela cara de satisfação do maior critico culinário do mundo - o meu quase marido!

Prova superada! Olhem que eu já vi casamentos serem cancelados por menos que isto....


Antes de ir ao forno: a ansiedade, o nervoso-miudinho, a dúvida...

Acabadinho de sair do forno...a satisfação de constatar que tem mais que 3 cm...


E finalmente, já com cobertura. À hora que vos escrevo, já lhe falta umas fatias...

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Lisbon Revisited (2010)

Quando escrevi o post abaixo, foi com a intenção de escrever este logo de seguida. Mas como raramente consigo escrever neste blog com a regularidade que desejo, tal não aconteceu.

Mas aqui vai, mais vale tarde do que nunca.

No passado mês de Junho, em plena euforia do Mundial (antes do desgosto de sermos eliminados pela Espanha) fui a uma declamação de poesia de Fernando Pessoa, parte dos eventos do City of London Festival de 2011, que este ano teve como tema Portugal e os países lusófonos.

Num dia de bastante calor, lá fui eu, sózinha com os meus botões, dado que sendo dia de jogo da Argentina (que na altura ainda era uma séria candidata) ninguém optou por me fazer companhia num fim de tarde a ouvir Pessoa e a beber bom vinho português. Acharão que um fim de tarde com Maradona é bem mais produtivo.
O evento contou com participações de Inês Pedrosa (presidente da casa Pessoa em Lisboa), o Dr Seabra Pereira da Universidade de Coimbra e Richard Zenith, o líder mundial em tradução de Pessoa para a língua inglesa, assim como um dos maiores conhecedores do poeta fora do nosso país. Zenith falou um pouco da história de Pessoa e dos seus heterónimos, lendo depois alguns poemas em inglês.
Foi algo muito interessante e que me encheu de orgulho lusitano, ver um americano falar de Pessoa com um entusiasmo tal, que se notava um brilhozinho nos olhos e não conseguia disfarçar o sorriso entusiasmado.
Um pouco menos interessante foi ouvir Inês Pedrosa falar durante muito mais do que o tempo previsto sobre a Casa Pessoa, não dizendo muito de valor e roubando tempo ao Dr. Seabra Pereira, cuja participação valeu pelo video de Mariza a cantar ''Há uma musica do Povo'', uma musicalização de um poema de Fernando Pessoa, e também pelo ar atordoado dos presentes que não entenderam uma palavra do inglês atroz do Dr Seabra Pereira (à que dizê-lo com frontalidade, já dizia o outro!).
Ouvir Pessoa em inglês (e depois em Português, pela voz do Dr Seabra Pereira, num português bem melhor que o seu inglês) ao sabor de um belo vinho português, foi sem dúvida uma experiencia diferente.
Ouvir e ver reacções de ingleses (e espanhóis, que lá estavam tantos!), e perceber que também eles ficam fascinados pela obra daquele que é, na minha opinião, o melhor dos nossos poeta, é algo que com toda a certeza me alimenta a alma e me deixa um pouquinho mais orgulhosa de ser portuguesa.
Nós também fazemos coisas boas!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

My love to you is true, a tattoo, that ain't ever coming off

(...)

Outra vez te revejo,
Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.
Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo e tudo -,
Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver...

Outra vez te revejo,
Sombra que passa através das sombras, e brilha
Um momento a uma luz fúnebre desconhecida,
E entra na noite como um rastro de barco se perde
Na água que deixa de se ouvir...

Outra vez te revejo,
Mas, ai, a mim não me revejo!
Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,
E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim -
Um bocado de ti e de mim!...

Álvaro de Campos
Lisbon Revisted (1926)

sábado, 28 de agosto de 2010

Cake Britain

Para celebrar o facto de apenas usarem açúcar fairtrade, a Tate & Lyle, umas das maiores refinarias de açúcar do mundo, organizou uma exposição que aliou pasteleiros a artistas, dando origem a obras totalmente comestíveis e creativas.

Passámos hoje pela Future Gallery para dar uma vista de olhos, um dia antes do final da exposição, que irá amanhã convidar todos os visitantes a experimentar um pedaço de arte, dado que todas as peças estarão amanhã disponíveis para comer, a quem por lá passar.

Para quem está já a fazer contas ao prazo de validade dos bolos, a exposição abriu ontem. Acredito que há muita pastelaria por aí a vender bolos menos frescos.

E porque depois de amanhã já não vai haver mais nada para recordar esta exposição além de fotografias, aqui ficam algumas que partilho convosco.

Bom apetite!