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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Thinking and Drinking

Amuse-Bouche

Ontem, juntamente com uns colegas, participei num evento organizado pela agência onde trabalho, que foi assim um tanto ou quanto fora do vulgar. O objectivo da noite foi melhorar a nossa capacidade de fazer conversa. De tagarelar. O "parlapié". A conversa fiada.

Fomos convidados para um jantar. Mas para além do familiar menú de comida, havia um outro menú disponível, e ao qual não podiamos fugir. Um menú de conversação. Com a mesma estrutura do menú de comida: entrada, prato principal e sobremesa. A coisa funciona um pouco como o speed dating, mas com um ritmo menos acelerado e com mais palavras pelo meio.

Como funciona isto de aperfeiçoar a arte da conversação?
Quando se dá ínicio ao jantar, e enquanto apreciamos a nossa entrada, viramo-nos para o lado direito e começamos a polir a nossa conversa com o colega sentado ao lado. Olhamos para os "pratos" disponíveis no menú de entradas, e escolhemos uma pergunta para fazer ao nosso companheiro de "curso". Os companheiros de conversa vão rodando conforme passamos da entrada para o prato principal, e depois para a sobremesa. E nós, sem darmos por isso, enquanto saboreamos um belo bife vamos discutindo com pessoas que mal conhecemos coisas tão profundas como o dia em que deixámos de ser crianças, o conselho que gostaríamos que nos tivessem dado e não deram, os nossos maiores medos...temas como o tempo, o fim de semana, a comida são deixados no bengaleiro junto dos casacos, das malas e dos telemóveis.

Não é fácil. Muitas vezes sentimos a tentação de dizer coisas fúteis como "E o frio que se faz sentir?", mas com um pouco de força e coragem atingimos o ponto em que nos abrimos e damos por nós a falar sobre os nossos maiores medos com aquele colega do trabalho com quem só trocamos palavras de circunstância. E a coisa flui, e não damos pelo tempo a passar, e quando damos por nós estamos a acabar a sobremesa e ouvimos o soar da buzina a anunciar o fim da nossa refeição de palavras.

Sem dúvida uma experiência diferente, e interessante. É uma oportunidade para vermos as pessoas que trabalham connosco como "pessoas", e não apenas colegas.

A noite for organizada pela "School of Life". Se tiverem uns minutinhos vão lá espreitar, e não percam a oportunidade de sorrir um pouco ao ver os cursos que têm disponíveis.

E eu prometo que vou lutar contra a conversa fiada e referências ao tempo. Embora o meu último post tenha sido sobre isso mesmo: o tempo. Desculpem lá qualquer coisinha.