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quarta-feira, 21 de maio de 2008

Batatart

Viajar num autocarro de dois andares é sem dúvida uma experiência diferente. Nas primeiras vezes é tudo muito excitante, apetece-nos correr escada acima para conseguir o lugar da frente e ter uma vista priveligiada do caminho à nossa frente. Ver tudo de frente e de cima é muito mais interessante que de lado e ao nosso nível. E até conseguimos ver o topo das paragens de autocarro, onde se avistam muitas vezes objectos tão variados como sapatos, garrafas de cerveja ou tábuas de engomar. Óbviamente, passadas essas primeiras vezes e depois de muitas lutas diarias para se conseguir entrar no autocarro, a magia perde-se. Por isso foi com agradável surpresa que reparámos nisto:



O que é isto? Ninguém sabe muito bem, mas já andam aí à algum tempo, alguns anos pelo que consegui apurar. Invasão alienígena? Quem sabe, eu não sei de certeza. Mas sem dúvida é algo que anima as minhas viagens matinais rumo ao emprego, sempre apinhadas de gente ramelosa preocupadas em chegar ao destino a horas. Começaram por ser simples batatas com palitos espetados, à semelhança do que fazíamos na escolha para representar animais (ainda me lembro da vaquinha que fiz com batata e alguns palitos, mas agora que penso nisso podia ser qualquer animal de quatro patas). Depois houve alguma evolução, e já avistámos alguns exemplares pintados de cores garridas, ou com outro tipo de espeto além dos palitos (é dificil identificar os materiais estando dentro de um autocarro).

Não sei bem se poderei rotular isto de arte, até porque a minha sobrinha de (quase) 3 anos conseguiria fácilmente criar um destes exemplares, mas tenho de admitir que é uma lufada de ar fresco nas minhas viagens de double decker. E não posso deixar de ficar contente e sentir uma subida no nível da minha boa disposição ao avistar um destes "ouriços". A ser arte, é um tipo de arte cujo target são utentes de double deckers. Mas acho que é um exemplo perfeito do que é Londres para mim: há sempre qualquer coisa interessante ao virar da esquina (ou em cima das paragens de autocarros). Talvez leve a moda para Lisboa - terei é de pensar noutro sitio para depositar as batatas. É que caso não tenham reparado não há double deckers em Lisboa...

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Foggy London

Prometi postar algumas fotos da minha Foggy. A Foggy faz parte da nossa aventura: também ela trocou o nosso Portugal por Inglaterra, e aposto que se a minha gata falasse também teria muitas aventuras para contar sobre a sua mudança.

Para vos dizer a verdade, acho que a Foggy prefere os ares de Londres. Não é tão quente (embora esta semana ela já se tenha andado a arrastar pela casa devido às temperaturas mais altas) e temos umas janelas enormes onde pode passar o dia a ver quem passa, quer sejam pessoas, pássaros, esquilos ou as ocasionais raposas. Os nossos vizinhos da frente também têm um gatinho, já tentamos fazer o casamento mas a Foggy parece ser muito ciosa da sua liberdade.

A Foggy adora: comer, atacar pés, comer, o seu brinquedo, comer, malas de viagem das visitas, comer, chinelas havaianas para afiar as unhas, comer, subir para cima do guarda fatos, comer, etc.

A Foggy detesta: a caixa transportadora, o Frontline, tomar comprimidos, não ter sempre a taça cheia de comida.

Aqui está a Foggy a observar. Ela adora observar, e observa tudo e mais alguma coisa.

Foggy Humpty Dumpty. Numas das suas explorações das zonas altas da casa. Desta vez a porta do quarto. Reparem que enquanto as pessoas ficam com os olhos vermelhos devido ao flash, os gatos ficam com os olhos verdes...


Esta foi tirada este fim de semana. Tentei tirar uma decente, mas ela odeia tirar fotos, e assim que a luzinha vermelha da máquina pisca ela põe-se a milhas. Escusado será dizer que tenho imensas fotografias de manchas cinzentas em movimento.


sábado, 10 de maio de 2008

The Cans Festival

No dia 4 de Maio realizou-se num túnel refundido perto de Waterloo, o Cans Festival. Bansky e companhia (descobri outro artista que me pareceu interessante – Bandit) “pegaram” num túnel meio abandonado pelo Eurostar (sim, a companhia que gere os comboios Londres – Paris) e organizaram “a maior exposição de stencil alguma vez aconteceu num túnel por baixo da estação de Waterloo”.
A adesão do público foi enorme (talvez o facto da entrada ter sido gratuita tenha ajudado) e multidões deslocaram-se ao local para apreciar o trabalho, e quem sabe, conhecer Banksy. Como ninguém sabe quem ele é, talvez fosse aquele senhor que estava a tocar piano, ou o outro que dormitava no sofá meio pintado...
Nós lá fomos, como não podia deixar de ser. As filas para entrar lembravam um pouco a Expo 98, mas até entramos depressa.
São estas coisas que me fazem pensar que vou ter saudades de Londres quando voltar...
Aqui ficam algumas fotos:

















Alguns dos famosos Banksy:



Para verem todas as fotos que tiramos, cliquem aqui.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Blister in the Sun

No domingo fomos até Hyde Park, já estava algum calor embora por vezes algumas nuvens toldassem o céu londrino.

Hyde Park fica no centro da cidade, numa das extremidades de Oxford Street, o que já por si indica grande afluência de londrinos em dias de calor. Tirei uma foto com o meu telemóvel, mas não faz justica à realidade, infelizmente.



No domingo havia de tudo no parque: os londrinos (e não só) aderiram em força ao bom tempo e decidiram aproveitá-lo ao maximo, talvez por não terem a certeza até quando o tempo se vai aguentar assim. Hyde Park, em dias de calor, é um aglomerado de gente a fazer jogging, casais de namorados a passear de mãos dadas, piqueniques de amigos, jogos de futebol (a maioria com sotaque brasileiro) e basebol, frisbees, cães a brincar, bicicletas, patins em linha... na Serpentine várias gaivotas e pequenos barcos a remos fazem as delícias de todos. Na relva pequenos malmequeres intercalam com grupos de amigos sentados no chão ou cadeiras para nos encostarmos a apanhar sol. Muitas familias com crianças, geralmente equipadas com o equipamento da sua equipa de futebol preferida, correm e brincam. Os pássaros voam baixinho e cantam alegres, talvez por verem tantos bebés recém nascidos a apanharem os primeiros raios de sol da sua vida. Mais ao fundo vemos pessoas a andar a cavalo, e alguém tira uma foto não muito longe do sítio onde estamos. Quantas fotos serão tiradas por minuto em dias como este em Hyde Park?

Muitos rádios tocam música (mas de modo a não incomodar), muitos chinelos de enfiar no dedo, muitas garrafas de vinho bebidas por grupos cumplíces sentados na relva ao pôr do sol, enquanto riem e tentam absorver o sol como se não houvesse outro dia como este tão cedo.

Ao longe, o barulho dos carros a passar quase se assemelha ao bater de ondas no mar, e se fecharmos os olhos por uns momentos deixamo-nos enganar e quase pensamos estar numa praia com um longo areal e águas límpidas, longe da cidade atribulada que é Londres.

É nesta altura que penso, será que quem não tem o prazer do sol com tanta frequência é quem o sabe apreciar melhor?

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Oxford (City)

Finalmente as temperaturas subiram por estes lados. Desde sexta que rondam os vinte graus - não é impressionante para Portugal, mas devido à demora da chegada da Primavera por estas bandas, é bastante para me deixar mais animada. Continua nublado, mas pelos menos as t-shirts já sairam das gavetas.

No sábado fomos conhecer mais uma parte da ilha onde vivemos. Desta vez fomos a Oxford. Fartos de levar encontrões na rua com o mesmo nome em Londres, decidimos ir conhecer a cidade.

Oxford fica no sudoeste inglês, não muito longe de Londres. 50 minutos de comboio foram suficientes para nos levar até lá. Oxford é uma das famosos cidades universitárias do Reino Unido (a par da rival Cambridge). A "Oxford University" é composta por vários "colleges", espalhados pela cidade e todos eles de uma arquitectura extraordinária. Se estudasse num deles, até eu ficaria cheia de espirito académico!

Chegamos lá por volta da hora de almoço, e consegimos disfrutar de um almoço grátis que estavam a distribuir no centro da cidade para celebrar a alegria de viver, ou algo assim referente à felicidade (cachorros e hamburgueres - não se pode exigir muito quando é grátis). Não me recordo com precisão o que festejavam, mas para mim a felicidade estava lá - até porque a fome começava a espreitar.

A nossa primeira visita foi ao Church of Christ College - um dos mais antigos "colleges" de Oxford. Como sempre, a nossa pontaria é a melhor, e conseguimos ir lá no dia da graduação. Não conseguimos ver o Great Hall, mas vimos imensas familias "posh" a posar orgulhosas com os seus rebentos vestidos de capa negra e com um daqueles chapéus próprios da graduação.

Aqui ficam algumas fotos do Church of Christ College:


Quem é fã dos filmes do Harry Potter, ou quem apenas os viu (quem sabe porque não estava a dar mais nada na TV) é capaz de reconhecer esta escadaria. Muitas cenas dos filmes são filmadas aqui, e infelizmente não conseguimos ver o Great Hall, onde são filmadas as cenas do Great Hall de Hogwarts.

Aqui, ao longe conseguimos ver algumas familias a posar para fotos que ficarão para a posteridade:
A zona da biblioteca de Church of Christ:
Muitos campos verdejantes...

Covered Market, onde tivemos uma agradável surpresa (vejam vocês mesmos pela foto):
Oxford é banhada pelo Tamisa, ao qual dão o nome de Ísis quando passa pela cidade.
Bridge of Sighs, New College Lane. Qualquer semelhança com a de Veneza, não é pura coincidência:


As gárgulas de Oxford, muito giras. Até se vendem pins para o frigorifico como lembrança.

Radcliffe Camera, hoje em dia parte da Bodleian Library:

Oxford Canal:

Mais um dia bem passado, e mais uma prova que o Reino Unido não é só Londres.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

May Day

Uma coisa menos boa de viver em Londres é a falta de feriados. E hoje não tive direito a feriado para celebrar o dia do trabalhador. Não sei o que foi pior: ter ido trabalhar sabendo que era feriado (pelo menos para mim era) ou não ter ninguém para falar na net!

If we took a holiday...


Fim de semana prolongado em Portugal. Tempo magnifico, óptimo para diminuir a quase deprimente sensação de estar em Maio e ainda não estar um tempo decente. Calor de mais, talvez, ou talvez eu já não esteja habituada a temperaturas tão quentes nesta altura do ano.
Desta vez houve mais tempo para estar com a familia e amigos, mas mesmo assim foi uma correria, e mesmo assim ainda houve algumas pessoas importantes que acabei por não conseguir ver, com muita pena minha.

Obrigado a todos os amigos e familia: a todos os que me foram buscar (e depois levar) ao aeroporto, a quem saiu comigo a noite, a quem almoçou ou jantou comigo, a quem comeu uns caracóis deliciosos (embora um pouco picantes) e depois um gelado daqueles que só encontro aí, a quem bebeu um agradável café comigo a seguir ao trabalho , a quem me mostrou os seus rebentos (lindos!), a quem foi comigo comer um pastel de nata e um sumo de laranja algures num centro comercial ao qual ja não sei ir dar, a quem esteve comigo durante quase o fim de semana todo e me fez rir e me contou as novidades (quase todas - algumas tive de ser eu a contar). A quem não pode estar comigo mas que mesmo assim me telefonou (várias vezes!) ou mandou mensagem! Obrigada por um fim de semana prolongado fantástico! Foram muito quilómetros percorridos durante o pico do calor, muitas filas de trânsito tipicas do Verão foram enfrentadas, tudo para poder estar com (quase) todos, e posso dizer que valeu a pena!

A quem não tive oportunidade ver, tive imensa pena, um fim de semana é muito pouco para conseguir encontrar lugar e hora que nos sirva a todos, mas estão no meu coração - e no Verão não escapam!