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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Swan Lake


Todos nós já ouvimos falar do Lagos dos Cisnes, de Tchaikovsky. A história de uma princesa que vive com um feitiço que a faz ser cisne de dia, e humana à noite, cuja única forma de ser quebrado é através do verdadeiro amor. Amor este que chega (como seria de esperar) através de um príncipe corajoso e viril que se apaixona por ela, e que depois de algumas peripécias e tragédias dignas destas coisas, consegue resolver a situação da pobre princesa amaldiçoada.


Agora substituam o príncipe salvador por um príncipe fraco, amedrontado e submisso, que precisa ele próprio de ser salvo da sua própria vida. Metam uma rainha-mãe controladora e autoritária ao barulho. Em vez de bailes da corte pensem em bares duvidosos onde se dança o disco sound. Em vez do protocolo típico de uma corte do século XIX, foquem-se nos dias de hoje, num país onde a família real passa mais por ser um grupo de celebridades do que própriamente quem governa o país. E não se esqueçam da pretendente do príncipe, uma loira pouco inteligente e sem grande educação. E por último, em vez de uma princesa-cisne, pensem num cisne sobre o qual não se sabe muito, e nem sequer se percebe muito bem se existe mesmo ou é fruto da nossa imaginação. Um cisne de dia e à noite um homem viril e dominador, capaz de deixar as mulheres (e os homens) ao rubro apenas com o olhar.


Ora tudo isto que acabei de descrever é, nem mais nem menos que a adaptação do Lago dos Cisnes de Matthew Bourne, vencedora de vários prémios e esgotadíssima por várias salas de espectáculo por este mundo fora desde 1995. Uma adaptação conhecida por ter homens a fazer de cisnes, em vez das tradicionais mulheres, e que mistura um pouco de dança moderna com o ballet clássico.


E que eu fui ver, na passada semana. E que foi uma experiência e tanto! Uma adaptação diferente e refrescante, por vezes comovente e a nos deixar de cabelos em pé, por vezes a fazer com que soltassemos gargalhadas.

Os cenários são maravilhosos, o guarda roupa também, e o som dos tecidos dos fatos a roçar e dos pés a bater no chão enquanto os bailarinos dançavam é algo que não vou esquecer (em boa parte devido à excelente acústica da sala do Sadler's Wells Theatre).


Quase tão bom como o espectáculo foi a estrondosa ovação de pé que o elenco recebeu no final, incluido do casal de idosos sentado à minha frente, que ao contrário de muitos mais novos não se importou nem um pouco que o papel normalmente atríbuido a bailarinas esguias tivesse desta vez sido atribuido a homens muito bem constituidos.




Mais uma experiência única na cidade do nevoeiro!