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quarta-feira, 8 de abril de 2009

Credit Crunch

Não é segredo nenhum que a crise que se faz sentir por este mundo fora se está a sentir com grande intensidade no Reino Unido. O governo britânico teve de intervir no caso do Royal Bank of Scotland, que é agora maioritáriamente gerido pelo governo, e consequentemente pelo dinheiro dos contribuintes. Lembram-se daquele anúncio a um banco (talvez o BES, não me lembro bem) em que se referiam ao banco como sendo propriedade de todos os seus clientes? Pois acho que neste caso posso dizer que o RBS é o meu banco. Pelo menos no que aquele bocadinho que retiram dos meus descontos diz respeito. Em tempos de desespero temos de recorrer a medidas desesperadas, e até compreendo a intervenção do governo nestes casos, embora não ande por aí a bater palmas de contente. Alguma coisa tem de ser feita de modo a suportar as estruturas da nossa sociedade. Adiante, hoje anunciaram que vão despedir 9000 trabalhadores do RBS, 4500 dos quais no Reino Unido. Esta notícia, já de si trágica, é ainda mais trágica sabendo que o antigo CEO do RBS, em grande parte responsável pela queda do banco, recebe uma pensão de £693,000 por ano paga pelo próprio RBS, pensão esta que o senhor acordou já prevendo que o banco teria inevitavelmente que cair nas mãos do governo de modo a evitar falência. Ora este senhor tem a faca e o queijo na mão, e legalmente não lhe podem retirar a choruda pensão, pois está tudo escrito e assinadinho. O governo, apelando ao sentimento do senhor, já lhe 'pediu' que devolvesse, ou que reduzisse pelo menos, a sua pensão. Até o novo CEO do banco fez o mesmo pedido. Mas Fred Goodwin recusa-se a ceder. Eu não sei como este senhor dorme a noite, especialmente sabendo agora que 9000 empregados vão para rua enquanto ele suga um banco que está num buraco tal que teve de ser apoiada pelo governo. Entretanto a sua pensão continua a sair dos bolsos dos contribuintes. E face a isto, até compreendo o que aconteceu a umas semanas, quando lhe vandalizaram a mansão e o carro (suponho que não fosse um punto ou um fiesta). Porque há coisas que não cabem na cabeça de ninguém....