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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A foreigner mistake

O maior erro que se pode cometer quando se conversa com um estrangeiro em Londres é assumir que ele vem de um país que não é o seu. Especialmente se o país pelo qual perguntamos tem uma história qualquer com o país de origem. Tenho uma amiga da Lituânia cujo facto de lhe perguntarem se ela é Polaca é o suficiente para ela terminar a conversa no momento. Ou perguntar a um austríaco se ele é alemão. Ou a um português se ele é...espanhol.

Andou D. Afonso Henriques a bater na mãe para em pleno século XXI os estrangeiros não conseguirem distinguir o sotaque português do sotaque castelhano. E é tão simples...nó somos aqueles que conseguem pronunciar palavras qe começam pela letra S, como Spain, Special...(não se diz Espaine, nem Especiale, pelo menos em Inglês minha gente!). Outra coisa fácil distinguir é o facto de conseguirmos diferenciar a letra J da letra Y. Ainda me rio ao pensar no casamento junkie que uma amiga espanhola me descrevia, e que afinal não era um casamento cujo brinde era feito com heroína mas sim um casamento de americanos (yankee).

A verdade é que após 5 anos em Londres não houve uma única vez quem alguém se tenha deitado a adivinhar o meu pais de origem e adivinhasse. Sou espanhola 50% das vezes, contra 45% italiana, 2% de um pais qualquer de leste, 2% outros e 1% americana (sim alguém perguntou se eu era americana, ao que este mundo chegou).

O que é certo é que Portugal tem um problema de notoriedade além fronteiras e isso também se aplica ao nosso sotaque. Tão raro é alguém identificar a nossa origem pelo modo como falamos que se eu apostasse nisso as probabilidades de ganhar seriam de 1/100000.
Por outro lado, isso dá a todos os portugueses a viverem fora do pais um sexto sentido para encontrar conterrâneos. Eu quase sempre consigo identificar um dos nossos à légua, nem sei bem explicar porque...mas quando há duvidas, basta ouvir falar (em inglês, em português seria demasiado óbvio claro) para saber que é um apreciador de bacalhau com grão e cerveja Sagres. Um género de código só nosso, vamos lá. Tipo maçonaria, mas em bom.

PS: Esqueci-me de dizer que ao contrário de muito boa gente, a mim não me chateia nada que me perguntem se sou espanhola. Até me dá algum gozo jogar o jogo ao qual eu gosto de chamar "de onde é que tu achas que eu sou?". E nem sempre ganho, como foi ontem o caso que me inspirou a escrever este post, ao perguntar a uma rapariga se era espanhola quando na verdade era...peruana. Foi o entusiasmo de conhecer alguém latino que me toldou o julgamento, só pode.