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domingo, 11 de dezembro de 2011

Day Twenty-Eight: Flowers

Em Inglaterra é tão importante encontrar uma casa para viver como organizar uma festa de apresentação da nova casa para os amigos. Marca-se uma data, reza-se para que não chova (muito) e diz-se aos amigos para aparecerem a partir de uma certa hora. Se os amigos forem ingleses, então podem contar com cartões coloridos com mensagens como "Parabéns pela casa nova" escritas a letras brilhantes, e se tiverem mesmo sorte (ou se forem amigas e não amigos) podem até ter uma mensagem personalizada escrita à mão.
Outra coisa muito popular quando se é convidado para ir a casa de alguém são as flores. No dia da nossa festa recebemos algumas, entre elas um enorme ramo de rosas amarelas que fizeram as minha delícias. Também recebemos um vaso com uma linda orquídea, plantas delicadas por natureza. Ora eu não sou muito boa com plantas - isso é um dom que ou se tem ou não se tem, e eu parece que nasci sem a capacidade de manter plantas vivas por muito tempo. Ao contrário dos meus pais que têm esse talento - as plantas deles crescem sempre com cores saudáveis e parecem nem precisar que alguém lhes regue ou lhe adube - eu consegui até matar um cacto. Por isso ao ver a orquídea temi pela vida dela.

Eu nunca sei quando regar plantas.
"Mete o dedo na terra e se estiver seca é porque precisa de água", diziam-me.
Pois e se eu fizer isso mas não tiver bem a certeza que está seca? Quão seca é preciso estar? Húmida é mais seco ou mais molhado? E o sol? Quando é muito quando é pouco?

Enfim, a nossa orquídea lá ficou em cima de uma estante por umas semanas. Cheguei a olhar para a terra, a sentir o dilema do que é seco do que é humido. Cheguei a por alguma água não porque tivesse chegado a alguma conclusão mas porque achei que já era altura da pobre planta ser regada. E ela lá se aguentou por um mês e pouco. Um recorde no que a mim diz respeito.

Até que as folhas começaram a secar e a cair. Fiquei triste mais uma vez, e incapaz de perceber mais uma vez o que tinha corrido mal. Teimosa, deixei o caule torto no vaso por uns tempos. Um caule triste, sózinho e abandonado num pequeno vaso branco em cima da nossa prateleira dos DVDs.

Até que há umas semanas, olhei para o vaso e vi que uma nova flor tinha desabrochado. Uma flor cor de rosa, aberta e feliz. Sem eu ter feito nada. Talvez tenha sido esse o segredo. A minha orquídea renasceu das cinzas, milagre!

E agora ali está, a lembrar-me que quando menos esperamos as flores desabrocham e voltam a viver. Podem usar isto como uma metáfora para as coisas más da vida se quiserem, estão à vontade. Já há tantas metáforas lamechas por esse mundo fora que mais uma menos uma não faz mal a ninguém. (agora de repente lembrei-me daquela falsa citação de Fernando Pessoa que involve pedras e castelos e que volta e meia aparece aí no facebook e assim e tive um arrepio).