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terça-feira, 3 de maio de 2011

It's a nice day for a royal wedding




Sexta feira foi feriado por cá. Dia de casamento real. Real de realeza, porque reais todos os casamentos são. Uns mais reais que outros mas isso é conversa para outro blog. Os ingleses adoram uma boa festa, e esta foi mais uma desculpa para celebrar o seu país, a sua rainha e a sua bandeira. Por todo o lado as lojas e os pubs anúnciavam produtos, realmente ingleses, embora uns mais ingleses que outros, que neste fim de semana de orgulho nacional não se queria ser apanhado a celebrar com uma bebida estrangeira na mão. Embora tenha achado tudo isto muito interessante do ponto de vista sociológico, não me deixei contagiar (muito) pela ocasião e deixei-me ficar em casa a ver o casório na TV, limitando-me a ir até ao centro a seguir ao almoço, para ver com os meus próprios olhos a plebe alcoolizada e divertida a pavonear-se por The Mall ou na relva de St James Park, enquanto a familia real e seus dignos convidados se divertiam na festa privada dentro das (mais que) quatro paredes do Palácio de Buckingham. 


Que isto não vos soe a amargura...pelo contrario. Aliás ao ver Kate (ou Katherine como agora devemos chamar a duquesa) fazer a (longa) caminhada até ao altar onde lhe esperava o seu príncipe encantado, aquele com que sempre sonhara (ela e a sua mãe, dizem as más linguas) fez-me ter um pouco de pena dela, por ter de partilhar o seu dia com o mundo inteiro. Por não ter direito a escolher os seus próprios convidados. Por estar limitada na escolha do seu próprio vestido (mostrar os ombros nem pensar, segundo o protocolo). Por ter de fazer a vénia à sogra-avó. Como deve ser difícil não poder dar a mão à sogra e sorrir com ela. Como deve ser difícil não poder escolher com a mãe o vestido sem pensar no protocolo. Sem ter uma despedida de solteira arranjada pelas amigas sem medos de ser apanhada pela Imprensa. Poder entrar no altar e pensar que aqueles que ali estão, a sorrir e a olhar para ela são aqueles que realmente deviam estar ali, são aquelas pessoas que lhe dizem muito, que fazem parte de quem ela é, da historia da sua vida. Sem ter a sua sobrinha a levar as alianças com uma responsabilidade nunca vista. Sem ver o rosto daquele que escolheu para toda a vida a emocionar-se quando a viu entrar na igreja. Sem ver o seu pai a emocionar-se quando por sua vez lhe entregou ao noivo. Sem ver a sua querida irmã a conter as lágrimas de emoção ao invocar o nome dos que já não estão entre nós. Sem dançar atrapalhadamente com o noivo e rir-se disso. Sem cantar desafinadamente com a sua linda irmã. Sem tirar milhares de fotos tontas com as melhores amigas. Sem ver a familia dançar sem preconceitos apenas por estar feliz. Sem abraçar o seu sobrinho e dizer que gosta muito dele. Sem...


Acho que no fundo o que estou a querer dizer é que tive pena dela porque o casamento dela não foi como o meu. Porque o meu foi sim, um casamento de um conto de fadas. O dia mais feliz da minha vida, partilhado com quem mais amo, divertido, leve e de alguma forma informal, em que fizemos o que queriamos e com quem queriamos, sem nos preocuparmos com ninguém. Porque embora por toda a imprensa se diga que este foi o casamento do ano (do século), para mim o casamento do ano, do século terá sempre sido o meu! 

Claro que para ela foi sem dúvida o dia mais feliz da vida dela. Mas eu prefiro ser uma plebeia anónima, que pode escolher o que quer e quando quer. Mais vale reinar na minha casa do que reinar um pais e estar presa nele.