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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Facebook Guerilla

Lembram-se disto?

Após, para surpresa de muitos, o single Killing in the Name of atingir o número 1 do top de Natal, os RATM quiseram agradecer aos seus fans (e não só) pela dedicação a esta causa, e organizaram um concerto gratuito em Londres, totalmente subsidiado pela banda. Os bilhetes gratuitos foram atribuidos online através de sorteio e distribuidos pelos 40.000 primeiros de um total de 180.000 inscritos. Para evitar especulação sobre os bilhetes no mercado negro, todos os bilhetes vinham completos com nome e fotografia do proprietário, para mais fácil identificação. Com uma mistura de rapidez no rato e sorte, conseguimos um parzinho destes tão preciosos bilhetes, e no domingo lá estavamos para o grande evento, o consagrar do combate do ano: Rage vs Cowel.



O que encontrámos em Finsbury Park foi um verdadeiro ambiente de festa, ao género festivaleiro (mas sem os vulgos freebies habituais que enchem os recintos de tralha). A abrir para RATM estiveram os Gallows, sempre muito bons, com o bónus de tocarem duas versões brilhantes de God Save the Queen dos Sex Pistols e de I Fough the Law dos The Clash, que fizeram aumentar a sensação de rebeldia e luta contra o sistema que se vivia no recinto. O punk parece estar a acordar com os The Gallows, com um vocalistas em tudo a fazer recordar Johnny Rotten. De seguida tocou uma banda Dub (cujo nome não me recordo e sou demasiado preguiçosa para procurar no Google) e depois Gogol Bordello, com o excêntrico vocalista, equipado a rigor com uma camisola da conhecida escola de samba Mangueira, a animar as hostes e a preparar-nos para o que vinha a seguir.

E quem melhor para apresentar a banda da noite do que o proprio Simon Cowel, a némesis dos RATM? Pronto não era mesmo ele, e pronto não foi ao vivo, e pronto era apenas um cartoon... mas sem dúvida adequado ao que se propunha festejar. Depois de se autoproclamar ''Supernova'' e dizer que os RATM nunca passariam os castings do X Factor, lá deu ínicio ao espectáculo pelo qual todos ansiávamos. E que espectáculo meus amigos! Uma espécie de viagem no tempo até aos loucos anos 90 e as minha viagens de autocarro para a escola a ouvir, entre outras coisas que me faziam destoar do meu grupo, RATM, ao mesmo tempo sarapintada por momentos em que tinha de me certificar que não era atingida por nenhum tipo suado que se deliciava no mosh pit que ocupava practicamente toda a zona da assistência. E um namorado que nos protege quando estamos mais distraidas neste tipo de situções dá muito jeito, garanto-vos! Pelo meio mais uma versão de The Clash (White Riot) e alguma decepção por minha parte no que diz respeito à reacção do público - esperava que no país natal do punk ficassem mais entusiasmados com uma versão deste tipo, mas acho que a média de idades do público fez com que muitos deles não soubessem sequer o refrão desta música mítica.


E como não nos podiamos esquecer do que nos levou a Finsbury Park no domingo, Tom Morello e companhia presentearam o casal que organizou a 'guerrilha' contra o X factor com um cheque gigante correspondente a 100% das receitas do single Killing in the Name Of para a associação de caridade Shelter, que presta ajuda aos sem abrigo. Aposto que quando o casalinho de 30 e poucos anos se lembrou de criar um grupo no Facebook a incentivar a compra deste single estava longe de imaginar que tudo acabaria com ambos a receberem um cheque tamanho XXL das mãos de Zack de la Rocha perante milhares de fans delirantes.

E o momento alto da noite veio no final da noite, quando a versão (ainda mais) azeiteira da canção The Climb interpretada pelo vencedor do X Factor 2009 comecou a soar nos altifalantes de um palco escuro, a acompanhar citações dele mesmo, de Simon Cowel e da imprensa britânica de Dezembro de 2009, onde practicamente se garantia ser impossivel que uma musica como Killing in the Name of fosse o numero 1 de Natal. O culminar veio mesmo com os primeiros acordes de Killing in the Name of, depois da mensagem 'You Made History' aparecer em todos os écrans do recinto. O resto vocês conseguem imaginar, 40.000 em delirio aos saltos e unidos contra o capitalismo da musica pop a cantar em uníssono ''Fuck you I won't do what you tell me"! Senão conseguem imaginar podem ver o video na íntegra, incluindo citações, aqui:

Além do bom espectáculo, ficou também a sensação de fazer parte de uma coisa que começou pequena e que se transformou em algo capaz de reunir 40.000 por uma ideia.


Mais um exemplo de como as redes sociais catalizam tão bem o movimento das massas.
Eu, meus amigos, eu fiz História em Finsbury Park!

domingo, 6 de junho de 2010

In the Summer, in the city

O Verão ainda não chegou mas em Londres já por várias vezes as temperaturas apertaram e fizeram-me procurar no fundo das gavetas por roupas bem mais frescas e por aquelas havaianas que por vezes teimo em calçar para me lembrar que estamos na estação quente.

Este ano as temperaturas inimagináveis até fizeram com que pegasse numas velhas calças de ganga e as transformasse nuns calções, que foram protagonistas da primeira noite em que eu, rapariga conhecida por tapar as pernicas usando esse método do disface que são as leggings, me passeei pelas ruas da capital inglesa de pernas ao léu.


Por isso meus amigos, o protector solar já anda na mala, os barbeques já foram aquecidos, as garrafas de vinho rosé refrescadas, os frisbees e as bolas já sairam do buraco onde estão confinados durante o Inverno.


O típico Verão inglês consiste em aproveitar o sol ao máximo, dado ser um bem escasso. E nós, não somos excepção: é ver-nos junto ao rio a seguir ao trabalho a beber umas cervejinhas enquanto o sol não se põe, o que em Londres no Verão, felizmente, acontece bem tarde; é ver-nos no parque a preparar as toalhas de piquenique com comida e bebida para irmos comendo enquanto apanhamos sol; é ver-nos a jogar frisbee ou a dar toques com bolas de futebol; e meus amigos, até é ver-nos a preparar barbeques com grelhadores descartáveis à venda nos supermercados (e que belas bifanas descartáveis eles fazem!).


Mas não pensem vocês que isto é sempre assim – afinal, estamos em Londres e este não é o cenário normal. Intercalados com estes fim de semana temos dias de chuva e frio, que nos fazem esquecer as havaianas e o protector solar que mesmo assim carregamos na mala.

O tempo é realmente uma loucura neste país, e ainda ontem, enquanto passávamos um belo dia no parque na companhia de amigos e com temperaturas perto dos 30 graus, umas grossas pingas de chuva cairam fazendo-nos recolher até àrvore mais próxima. Mas não pensem que isso nos dissuadiu, poucos minutos depois estavamos a preparar o estaminé de novo ao sol, e já se ouvia o som do frisbee a esvoaçar de mão em mão.
Enquanto houver um dia bom, um dia com sol, lá estaremos a aproveitá-lo ao máximo