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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Rage Against the X Factor

O Natal está à porta, e uma das coisas sem as quais os ingleses não conseguem celebrar o Natal é o single do vencedor do programa X Factor, geralmente caracterizada por ser composto por melodias melosas e letras azeiteiras.
O X Factor é assim uma espécie de Ídolos, que já se realiza há uma data de anos neste país, e cujo primeiro prémio é gravar um single que é editado uns dias a seguir à final, e que regra geral se torna o disco mais vendido no Reino Unido na semana do Natal.

Após alguns anos de singles pirosos, finalmente alguém resolveu gritar basta, e deu-se ínicio a um movimento, movimento este alimentado em grande parte pelo poder dos novos meios de comunicação online. Alguém se lembrou de recuperar ''Killing in the Name'' dos Rage Against the Machine, lançada no já longínquo ano de1992, e torná-lo o single número 1 deste Natal, em vez de mais um single saido direitinho do forno do X Factor, sendo que este ano se trata de uma versão lamechas de uma música já por si lamechas da Miley Cirus (ou Hannah Montana, para quem vê o Disney Channel).

O grupo no facebook que apoia esta causa conta já com muitos milhares de apoiantes, e ''Killing in the Name'' encontra-se de momento à frente do ranking de singles vendidos.

Será possivel ter uma música tão controversa como esta como número 1 deste Natal? Por mim seria um verdadeiro deleite, mas o facto do single do vencedor do programa X Factor ter saido em CD na terça feira pode fazer com que as mamãs e as vovós desatem a comprar o CD para as filhas ou netas, ultrapassando assim as vendas da música dos RATM, que dispararam online nesta semana.

O facto de ambas as músicas serem lancadas pela Sony, quer dizer que no fundo ninguém fica a perder com isto. Dizem as más linguas que isto é tudo arquitectado pela própria Sony para vender mais singles. Ora eu acredito que os senhores da Sony tenham melhores estratégias para estimular as suas vendas... Até porque se o objectivo é vender mais, escolher Killing in the Name dos RATM, uma música a maioria das vezes censurada nas rádios e que inclui 17 vezes a chamada “F word” não me parece ser a melhor estratégia.

Os próprios Rage Against the Machine já vieram a público dizer que apoiam a causa, e que parte das receitas da venda do single “Killing in the name” reverterão para caridade. O que fica sempre bem, especialmente nesta quadra natalícia.

Para quem quiser ouvir RATM ao vivo na BBC Radio 5, a dar a sua opinião sobre esta íniciativa, cliquem aqui. E no final, a serem iguais a si mesmos.

Resta-nos esperar para ver quem ganha este campeonato. Eu, embora já tivesse a música na minha colecção, já fiz a minha parte e contribui para esta causa.